postado em 29/01/2009 09:17
Enquanto se esforça para mostrar publicamente confiança na briga pelo comando do Senado, Tião Viana (PT-AC) revela, em conversas reservadas, a amargura com a situação polÃtica que vive. O petista procura apontar culpados pela vitória quase certa de José Sarney (PMDB-AP) na próxima segunda-feira. A um interlocutor, reclamou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ;Nunca vi um presidente não conseguir eleger seu candidato no Senado. Sempre foi assim;, afirmou.
Para Viana, o presidente poderia ter trabalhado para elegê-lo. Mas não o fez, preferindo a neutralidade quando Sarney anunciou sua candidatura. O petista sabe que as chances são remotas de vitória na segunda-feira, mas alega que não jogará a toalha por ;dignidade;. Ontem, ele ficou irritado ao saber que Sarney sugerira sua renúncia. ;Se ele (Sarney) quiser sair, será um ato de bom senso. Eu vou até o fim;, disse. ;Vou tentar ganhar no voto e à luz do dia;.
Na avaliação do petista a senadores, o Palácio do Planalto fortalecerá o grupo de Renan Calheiros (PMDB-AL), novo lÃder do PMDB, com a provável vitória de Sarney. E, acredita o senador acreano, se arrependerá em 2010, quando terá que negociar com um PMDB fortalecido no comando de Câmara e Senado.
Pressionado a desistir, Tião Viana prepara um discurso em defesa da renovação da Casa para ser lido na sessão da segunda-feira. O petista está ciente da dificuldade em reverter o cenário favorável a Sarney, mas acredita na conquista de mais alguns votos em plenário. Em sua contabilidade mais otimista, ele teria hoje 32 votos, nove a menos que o necessário para vencer.
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O senador também não poupa crÃticas à imprensa. Diz que faltou uma discussão sobre a imagem do Senado nesta eleição. Suspeita que parte da mÃdia apoiou seu adversário. ;Setores da imprensa têm tentado fabricar a desistência de partidos que me apoiam, mas isso não é verdade;, disse.
Embora reclame que o debate se restringiu a ;questões menores;, ele reconhece que entrou no jogo pequeno das negociações polÃticas dos partidos para conseguir voto dos colegas ao oferecer a presidência de comissões para a oposição.
Nos desabafos, sobra até para setores do PT. Para o petista, o partido demorou a entrar de vez na disputa. Apenas a lÃder da bancada, Ideli Salvatti (SC), engajou-se. Os demais senadores sumiram em janeiro, reclama. Ele sabe que setores do partido estão preocupados que sua candidatura sirva de argumento para que o PT fique de fora da Mesa. Sintomaticamente, a nota oficial divulgada ontem, na qual a bancada defende seu nome, também pede que seja respeitada ;a devida proporcionalidade; na distribuição dos cargos. Por essa proporcionalidade, a Presidência não cabe ao PT, que ficaria com a Segunda Vice-Presidência. No Senado, a mensagem foi interpretada como um sinal de que os petistas já estão pensando no cenário pós-derrota de Tião. Mesmo desanimado, o senador continua trabalhando. Ontem, negociou com a bancada do PSDB e passou o dia ao telefone tentando convencer parlamentares de todas as bancadas.
Veja o comentário do colunista Luiz Carlos Azedo sobre sucessão no Congresso: