Politica

Depois de consolidar chances de ganhar, desafio de Sarney é acomodar aliados nos cargos

;

postado em 30/01/2009 08:36
A bancada do DEM anunciou nesta quinta-feira (30/01) formalmente o apoio a José Sarney (PMDB-AP) na disputa pela Presidência do Senado. São mais 14 votos, o que reforça o favoritismo do veterano senador. Ontem, ele passou o dia resolvendo problemas na base de apoio que montou. A questão, na reta final, é acomodar pretensões de vários partidos por cargos na Mesa Diretora e no comando das comissões permanentes. Não há espaço para tantos pedidos. Sarney adotou uma tática cautelosa e evita negociações individuais. Vai seguir estritamente a proporcionalidade do tamanho das bancadas. Seu adversário, o petista Tião Viana (AC) segue na linha inversa e promete atender às demandas dos partidos, em especial do PSDB. Ontem à noite, Tião informou ao Correio que líderes tucanos reunidos no Recife decidiram pelo apoio do partido à sua candidatura. O PSDB tem 13 senadores, um a menos do que o Democratas. ;Recebi a garantia de que toda a bancada votará comigo;, disse o petista, que aceitou as reivindicações de cargos feitas pelos tucanos. No campo de Sarney, o discurso é pelo respeito ao tamanho de cada bancada. ;Vamos eleger o presidente Sarney;, diz o líder do DEM, José Agripino (RN). ;Daí para a frente, segue-se a estrita proporcionalidade no preenchimento dos cargos, como determina o regimento.; Seria possível negociar exceções a essa proporcionalidade, mas isso não interessa a Sarney. Só dificultaria o quebra-cabeças que ele tem de montar. A distribuição dos cargos no Senado se dá em três etapas. A primeira é a votação para presidente. A segunda é a eleição dos demais integrantes da Mesa. A última, que só precisa ser fechada alguns dias depois, é a escolha dos presidentes de comissões. Sarney quer desvincular essas etapas, enquanto Tião tenta colocar tudo no mesmo pacote. O principal problema é o PSDB. Na quarta-feira, uma reunião da bancada tucana elaborou uma longa lista de reivindicações. O partido quer dois cargos na Mesa: a Primeira Vice-Presidência e a Quarta Secretaria. Além disso, cobiça as comissões de Assuntos Econômicos e a de Relações Exteriores. É muito mais do que lhe caberia pela proporcionalidade. Sarney avisou que não dá para atender, o que deixou os tucanos frustrados. O líder, Arthur Virgílio (AM), e o presidente do partido, Sérgio Guerra (PE), passaram a madrugada de quarta para quinta-feira reunidos com Tião Viana. Ao final do encontro, deixaram vazar a notícia de que a bancada pode apoiar o petista. As conversas prosseguiram ao longo do dia de ontem, até Tião anunciar o acordo. A diferença de tratamento se explica pela contabilidade. Sarney acredita ter a vitória assegurada. Além disso, avalia que, mesmo que os tucanos fechem formalmente com Tião, ainda terá pelo menos cinco votos do partido. Afinal, a eleição é secreta. Já o petista precisa dos votos do PSDB para sobreviver na disputa. Atender ao PSDB complicaria toda a equação montada por Sarney. Na composição fechada por ele, a primeira escolha de cargos cabe ao DEM, que ficará com a Primeira-Secretaria. O cargo, responsável pela administração da Casa, será de Heráclito Fortes (PI). O PSDB tem a indicação seguinte e ficará com a Primeira Vice-Presidência. A princípio, o posto está reservado para Marconi Perillo (GO), mas ele pode enfrentar a concorrência de Tasso Jereissati (CE), se o senador cearense não ganhar a Comissão de Assuntos Econômicos. A Segunda Vice-Presidência ficaria com o PT. O partido ainda não definiu nomes, porque isso seria desembarcar da candidatura de Tião. Próximo a escolher, o PTB terá a Segunda-Secretaria. A Terceira fica com o PMDB e acomodará Mão Santa (PI), um dos senadores que resistiam a votar em Sarney. A Quarta deve ficar com o PR. As quatro suplências ainda são disputadas por DEM, PTB, PSDB, PST e PMDB. Comissões A maior briga é pelas comissões e, mais uma vez, a complicação está nos tucanos. A primeira escolha é do PMDB, que está dividido entre as comissões de Constituição e Justiça e de Assuntos Econômicos. Segundo a optar, o DEM ficará com a que sobrar, o que atrapalha os planos do PSDB. Além disso, há disputas pelas comissões de Relações Exteriores e de Infraestrutura. Tião aposta na incapacidade de Sarney em atender tantas demandas. Sua estratégia é fazer com que a discussão seja por blocos partidários e não por bancadas. Negocia a formação de um bloco com o PT, PR, PDT, PCdoB e PSB, que chegaria a 24 parlamentares. O PMDB está formando um bloco com Francisco Dornelles (RJ), o isolado representante do PP. Chegaria a 22. Nesse desenho, o bloco pró-Tião teria o direito de escolher cargos antes de Sarney. Ele pretende usar isso para oferecer presentes ao PSDB. Repassaria suas escolhas de comissão aos tucanos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação