Politica

Ameaça de dissidência petista na Câmara caso Sarney vença o pleito no Senado

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postado em 30/01/2009 08:57
O PT não está convencido do apoio à empreitada do deputado Michel Temer (PMDB-SP) à Presidência da Câmara. Um grupo de petistas articula para domingo uma reunião da bancada com objetivo de rediscutir o voto no peemedebista depois de o senador José Sarney (PMDB-AP) ter entrado na disputa e limitado as chances de sucesso de Tião Viana (PT-AC). A dissidência está aberta e a articulação tem dedo do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu. Pelo menos 10 petistas manifestaram desejo de não votar em Temer caso Sarney vença o pleito no Senado. O grupo é capitaneado pelos deputados Domingos Dutra (MA) e Nilson Mourão (AC). Conta ainda com apoio de Dr. Rosinha (PR), Pedro Wilson (GO), Zezéu Ribeiro (BA), Nazareno Fonteles (PI) e Assis do Couto (PR). ;Eu vou de Aldo (Rebelo, do PCdoB de São Paulo) se o Sarney insistir e for eleito. A eleição na Câmara vai para o segundo turno e o Michel Temer tem muita chance de perder;, afirmou o deputado Domingos Dutra. A posição de Dutra reflete também uma disputa política do PT do Maranhão com a família Sarney pelo controle do estado. ;A eleição do Sarney é um retrocesso. Ele não abre espaço para renovação e essa posição de pressionar o governo para ser candidato fragiliza o PT;, acrescentou Dutra. O líder petista na Câmara, Maurício Rands (PE), buscou minimizar a dissidência dentro da bancada e enfatizou que o partido descarregará votos em Temer. ;Não devemos ter mais do que 10 votos em outros candidatos. Isso é bem limitado no partido;, afirmou o líder. A bancada petista tem 78 deputados. Lealdade Articulador da revisão do voto, Mourão, próximo de Dirceu, defende a necessidade de se analisar a nova conjuntura imposta por Sarney. ;A reunião da bancada no domingo servirá para fechar os últimos preparativos porque há uma nova conjuntura que tem que ser apreciada;, disse. Acriano como Tião Viana, Nilson Mourão diz dever lealdade ao senador. ;Agora temos um problema no Senado que rompeu o acordo. Temos uma responsabilidade com o senador Tião;, disse o deputado petista. Esses petistas classificam o lançamento da candidatura do PMDB no Senado como uma traição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dutra afirmou que a cúpula do PT se equivoca ao não entrar em choque com os peemedebistas para não criar turbulências desnecessárias à uma eventual aliança para a eleição presidencial de 2010. ;Dependendo da conjuntura, deixarmos um PMDB forte para 2010 é entregar o partido de mala e cuia para o PSDB;, disse, lembrando a proximidade de Michel Temer com os tucanos e governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves. O movimento do PT, apesar de contido, pode ajudar a levar a disputa pela presidência da Câmara para o segundo turno, um pesadelo de Michel Temer. Os deputados Ciro Nogueira (PP-PI), Aldo e Osmar Serraglio (PMDB-PR) acreditam que, numa eventual nova rodada de votação, podem derrotar o peemedebista. A esperança é tanta que Aldo e Ciro reforçaram a busca de votos e acirraram a disputa entre eles. Ciro conta com apoio oficial somente de seu partido, o mesmo ocorre com Aldo, que contabiliza votos oficiais de PSB e PCdoB. Os dois apostam nessa insatisfação com a concentração de poder do PMDB para absorver votos. A maior aposta é que, se um dos dois disputar um segundo turno com Temer, eles contarão com o apoio do outro, o que, nesse cenário positivo, garante-lhes a vitória.

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