postado em 03/02/2009 09:07
Foi uma vitória dos partidos polÃticos na Câmara, a começar pelo PMDB, muito mais do que a consagração pessoal do deputado Michel Temer (PMDB-SP), eleito ontem para comandar a Casa pela terceira vez. O peemedebista venceu no primeiro turno, com 304 dos 509 votos apurados, confirmando as estimativas de seus aliados, que esperavam uma vitória por larga margem, mesmo considerando o alto Ãndice previsto de traições. O deputado Ciro Nogueira (PP-PI), candidato do chamado ;baixo clero;, teve 129 votos, e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato do ;bloquinho; com o PSB, apenas 76.
Temer prevê um mandato ;complicado;. ;Temos problemas urgentes pela frente. Urgentes e ingentes. Mas não vamos nos atemorizar quando eventualmente tivermos que tomar medidas impopulares;, discursou. Fez um discurso conciliador em relação aos adversários e prometeu conduzir a Câmara de acordo com o colégio de lÃderes.
O acordo de lÃderes funcionou também na eleição para os demais cargos da Mesa, quase todos preenchidos de acordo com as indicações feitas pelos 14 partidos que apoiaram Temer. A derrota das candidaturas avulsas, com exceção da segunda vice-presidência ; para a qual foi eleito o dissidente Edmar Moreira (DEM-MG) e não o candidato oficial, Vic Pires (DEM-PA) ; encerra um ciclo de fragilização do colégio de lÃderes iniciado com a eleição do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para a Presidência da Câmara, em 2005. O parlamentar renunciou ao mandato para evitar a cassação por quebra de decoro parlamentar.
Acordo respeitado
A eleição de Temer também coroou o acordo tecido na eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP), em 2007, quando o PMDB decidiu apoiar o petista e promover uma espécie de rodÃzio entre as duas maiores legendas no comando da Câmara. O cumprimento do acordo sempre foi colocado em dúvida, mas acabou cumprido à risca pelo PT. Havia uma expectativa dos petistas e até do Palácio do Planalto de que o PMDB, em troca, cederia o comando do Senado a Tião Viana(PT-AC), o que não aconteceu. A candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) a presidente do Senado, para o qual também foi eleito pela terceira vez, gerou turbulências na campanha de Temer, mas o PT honrou o acordo feito em 2007. O fato foi destacado por Temer como o resgate de um princÃpio do parlamento: o cumprimento dos acordos.
Os lÃderes do blocão se consideram sócios da vitória de Temer, inclusive os do PSDB, do DEM e do PPS, partidos de oposição, porém quem mais ganhou foi mesmo o PMDB. A legenda ocupa o segundo lugar na linha de sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou seu cacife nas negociações com o Palácio do Planalto e controla a agenda do Congresso. Além disso, sem lançar candidato próprio, graças ao tempo de televisão e força regional, será o fiel da balança na sucessão presidencial de 2010. Temer faz parte do conselho polÃtico do governo Lula e mantém excelentes relações com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), que pleiteia a vaga de candidato pelo PSDB.
Nos bastidores, consta que haveria um acordo de Temer com o Palácio do Planalto para entregar o comando do PMDB ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), governista de carteirinha. Temer desconversa e diz que apenas se licenciará do comando da legenda, que seria exercido interinamente pela deputada Iris Araujo (PMDB-GO), vice-presidente. ;Só vamos discutir esse assunto na convenção do partido em 2010.;
AS PROMESSAS
Voz ativa
Realização de debates periódicos sobre temas nacionais relevantes, como a crise internacional
TV Câmara
Aumentar a cobertura da comunicação para mostrar o que os deputados fazem em seus estados
Espaço para nanicos
Dar relatorias para deputados de partidos de menor expressão
Espaço para as mulheres
Abrir uma cadeira na reunião de lÃderes para as mulheres. Objetivo é a bancada feminina participar da elaboração da pauta de votação
Regulamentação
Regulamentar pontos da Constituição de 1988 que ainda não constam em leis complementares
Ouça o discurso de posse do novo presidente da Câmara, Michel Temer: