Politica

Crise entre os caciques tucanos

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postado em 06/02/2009 08:53
O ;racha; da bancada tucana na Câmara dos Deputados desgastou o governador de São Paulo, José Serra, junto aos demais caciques do PSDB, que sempre foram críticos do seu estilo ;trombador; na condução da luta interna. Ontem, o presidente da legenda, o governador mineiro Aécio Neves, a governadora gaúcha Yeda Crusius e o prefeito curitibano Beto Richa ligaram para o líder da bancada, deputado José Aníbal (SP), se solidarizando com o parlamentar, que foi reconduzido ao cargo. A dissidência tucana é formada por 19 parlamentares que seguem a orientação do Palácio dos Bandeirantes. Serra está no exterior e não se manifestou sobre o episódio. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), tenta acalmar os ânimos. A oposição ao líder do PSDB é liderada pelos deputados Jutahy Magalhães (BA), Paulo Renato (SP), Antônio Pannunzio (SP) e Arnaldo Madeira (SP), com velado apoio do Palácio dos Bandeirantes. ;Esse é um assunto encerrado. Alguns companheiros que assinaram o manifesto já me procuraram ou mandaram recado de que querem conversar. Os que pretendem ter uma atuação independente são os que se acham melhor e mais inteligentes do que os outros;, minimiza Aníbal. Segundo o parlamentar, o dispositivo original do regimento interno permitia a recondução do líder por um mandato consecutivo, ;como aliás é a posição histórica do PSDB, pois afinal patrocinamos a reeleição de Fernando Henrique Cardoso;. Porém, foi modificado em outubro para impedir sua reeleição porque havia um veto do grupo dissidente. ;Na época, não falei nada porque pareceria que eu pretendia continuar no cargo a qualquer preço. Surgiram vários candidatos a líder, mas a maioria da bancada quis minha permanência na liderança;, explica Aníbal. A pedido do governador José Serra, Aníbal chegou a ter uma conversa com o ex-ministro Paulo Renato, na tentativa de um acordo. ;Ele exigiu que eu renunciasse à liderança, o que era um ultimato. Para ser líder, é preciso ter votos na bancada;, conta Aníbal, reconduzido por 39 votos e uma abstenção, com apoio da bancada mineira. Na eleição anterior, quando disputou com Paulo Renato, três dos seis deputados de Minas haviam votado no ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso. Dessa vez, por orientação do governador Aécio Neves, os mineiros votaram pela recondução de Aníbal. Uma das causas da oposição à Aníbal é a disputa pelo governo de São Paulo. Alguns dissidentes articulam a candidatura do chefe da Casa Civil paulista, Aloysio Nunes Ferreira, à sucessão do governador José Serra. ;Não vem ao caso analisar aqui os méritos e deméritos de Aníbal. Mas sua conduta, no episódio da eleição da liderança, é algo que não se espera, nem se aceita, de um parlamentar ao qual o PSDB nunca negou nada. Inclusive a possibilidade de concorrer a cargos para os quais, de antemão, todos sabiam que lhe faltava um mínimo de viabilidade eleitoral;, critica Pannunzio, numa alusão à candidatura de Aníbal ao Senado em 2002. Personagem da notícia À frente dos dissidentes O líder serrista da bancada tucana é o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), que sempre foi um dissidente da política nacional do PSDB por causa da aliança com o DEM. Herdeiro de tradicional oligarquia política baiana, o parlamentar nunca aceitou qualquer acordo com o ;carlismo;, como é denominado o grupo do falecido senador Antônio Carlos Magalhães. Jutahy teve discreta atuação na rebelião da bancada, mas assinou o manifesto do ;Movimento Unidade, Democracia e Ética;, no qual os 19 dissidentes anunciam que não seguirão a orientação de Aníbal ;por considerar ilegítima sua eleição;. ;Esse episódio não tem nenhuma importância, o único desgaste é do José Aníbal;, minimiza Jutahy, que se diverte com as agruras do líder e com o racha da bancada. O parlamentar baiano é o único credenciado por José Serra a falar em seu nome na Câmara, cacife adquirido graças à sólida amizade entre ambos. Em torno de sua liderança informal, reúnem-se outros dissidentes não-paulistas, como o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), responsável pelo programa de governo de José Serra na campanha de 2002; os deputados Gustavo Fruet (PR) e Zenaldo Coutinho (PA).

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