Politica

Empresa de novo corregedor não pagou empréstimo ao BB

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postado em 06/02/2009 11:25
Mesmo mergulhada em dívidas e à beira da falência, a empresa de vigilância do novo corregedor da Câmara, deputado Edmar Moreira (DEM-MG), conseguiu um empréstimo de R$ 1,9 milhão no Banco do Brasil em setembro de 2006. Dias depois, a F. Moreira Empresa de Segurança e Vigilância doou R$ 72 mil para as campanhas à reeleição do congressista e de seu filho, o deputado estadual Leonardo Moreira (DEM-MG). O empréstimo não foi pago e a empresa é executada judicialmente na 21ª Vara Cível de São Paulo. Não é só o Banco do Brasil que afirma ser vítima de calote do novo corregedor da Câmara. Documentos obtidos pela Folha mostram que a F. Moreira é alvo de 123 protestos em cartórios de São Paulo, que cobram um valor total de R$ 551 mil. Além disso, a empresa é alvo de inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o congressista. Ele é acusado de descontar o INSS de seus empregados e não repassar o dinheiro à Previdência, como a Folha revelou ontem. A dívida cobrada em apenas um processo supera R$ 1 milhão. Por essa acusação, o corregedor-geral foi denunciado pela Procuradoria ao STF. Caso a denúncia seja aceita pelo ministro Eros Grau, Moreira se transformará em réu em processo por apropriação indébita. O processo de quebra da F. Moreira é cheio de contradições. Em 2006, já em sérias dificuldades e alvo de execuções judiciais para a cobrança de dívidas, a empresa conseguiu o empréstimo do BB no dia 6 de setembro. Naquele mês, véspera da eleição e com o caixa revigorado, repassou R$ 36 mil para a campanha de Edmar e R$ 36 mil para a de Leonardo. Desde 2002, a F. Moreira doou R$ 800 mil a candidatos. Em 2007, o deputado solicitou a recuperação judicial e, em janeiro de 2008, a falência foi decretada. Mas a empresa continuou a ser usada para movimentar dinheiro. No ano passado, prestadores de serviço, como operadoras de telefonia, cobraram R$ 360 mil em supostas dívidas. Em 21 de maio, o BB acusou um cheque sem fundo da F. Moreira. O banco não comenta o caso. Ao todo, a Previdência cobra cerca de R$ 10 milhões da empresa, com sede em São Paulo, por INSS devido. Outra firma de segurança da família, a Ronda, é alvo de 79 protestos em cartório, nos quais são cobrados cerca de R$ 275 mil. Leonardo Moreira, herdeiro do castelo construído pelo pai no interior de Minas, confirmou ontem que, endividadas, as empresas da família encerraram suas as atividades entre 2006 e 2007. Contou ainda que elas contraíram empréstimos em diferentes instituições financeiras enquanto agonizavam. "Somos vítimas do mal que sofre a maioria dos empresários: negócios que não dão certo. O ramo de segurança ficou competitivo demais, com excesso de empresas pouco qualificadas.". Leonardo disse que no último ano intensificou as ações para vender o castelo de 36 suítes da família na zona rural de São João Nepomuceno, a 40 quilômetros de Juiz de Fora (MG). "Estou vendendo porque preciso de dinheiro. Mais de 30 empresas avaliaram que ele vale R$ 25 milhões.". Segundo Leonardo, há 16 anos o pai transferiu o castelo para que eles tentassem vendê-lo. "É um castelo oco, dentro tem alvenaria, mas não tem pintura nem móveis.". Sobre as doações eleitorais, o deputado disse que a família tem o hábito de financiar a maior parte das próprias campanhas e que "receber doação de uma empresa que tem empréstimo não é crime".

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