Politica

Temer insiste em dividir a Segunda Vice-Presidência, mas DEM resiste

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postado em 10/02/2009 08:00
A renúncia do deputado Edmar Moreira (DEM-MG) da Segunda Vice-Presidência da Câmara e as pressões do DEM não sensibilizaram o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). O peemedebista mantém a intenção de votar proposta que cria uma corregedoria independente e tem uma carta na manga para reduzir as resistências do DEM. Temer oferecerá a um deputado democrata a chefia do órgão investigador da Câmara. ;Como a Segunda Vice é uma indicação do DEM, nada mais natural que a corregedoria fique também com alguém do partido;, disse o presidente da Câmara. Michel Temer admitiu que a renúncia de Moreira apenas diminuiu a urgência da proposta. Autor do projeto que altera o Regimento Interno da Câmara para criar a corregedoria independente, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) criticou a posição do DEM. ;Não é porque tiramos o bode da sala que a ideia perdeu sentido;, disse o pernambucano. Presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ) argumentou que a corregedoria não deve ser um trunfo na mão da cúpula da Casa, lembrando que ela já foi comandada por Severino Cavalcanti (PP-PE). O ex-presidente da Câmara teve de renunciar ao cargo e ao mandato para escapar da cassação, acusado de cobrar propina para liberar serviços de um restaurante terceirizado da Câmara. ;Essa não é a solução. Se hoje o presidente é o Michel Temer já foi o Severino. Imaginem o deputado Severino indicar o corregedor. Essas decisões paliativas e corporativas devem ser tomadas com muito cuidado;, afirmou Rodrigo Maia. Discussão O deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) rejeita a proposta de um órgão investigador independente sob argumento de que nova estrutura gerará gastos desnecessários à Casa em tempos de crise econômica. Para ACM Neto (DEM-BA), a discussão do desmembramento da Segunda Vice-Presidência veio à tona como resultado dos questionamentos em cima da qualificação de Edmar Moreira. ;O problema está no nome indicado que não estava à altura do cargo. Ser corregedor e vice-presidente são ambos cargos importantes. O deputado tem que ser qualificado aos dois;, disse o democrata baiano. O DEM prefere criticar a proposta da corregedoria independente, mas ela pode servir para apaziguar os ânimos na bancada e atender os anseios dos mais diversos correligionários. Até porque, logo após a renúncia de Edmar, deputados do partido deram início a uma ampla operação para pedir apoio aos colegas para ganhar a indicação ao cargo da Mesa Diretora. O deputado Vic Pires (PA) foi o candidato oficial do partido e acabou derrotado por Edmar Moreira por 283 votos a 218, mas mantém-se na esperança de ser indicado. Além dele, surgiram os nomes de Jorginho Maluly (SP), Roberto Magalhães (PE) e José Carlos Machado (SE). Um deputado do DEM que pediu anonimato ironizou: ;Dos 58 que temos, uns 10 querem estsa segunda vice;. A votação do novo segundo vice-presidente está marcada para amanhã. Hoje, poderá ser apreciado o projeto de Jungmann sobre a corregedoria independente, composta também por outros dois deputados que fariam papel de adjuntos.
Assunto no Planalto A renúncia do deputado Edmar Moreira (DEM-MG) à Segunda Vice-Presidência da Câmara foi abordada ontem na reunião da coordenação política, no Palácio do Planalto. Diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros declararam que a decisão será benéfica para o parlamentar, que deverá ser deixado de lado pela imprensa, e para a Casa, que se livraria de uma agenda negativa logo no início do ano legislativo. ;Havia uma preocupação da Câmara, da Mesa e do partido com a situação. Não interferimos nisso. Sou amigo dele há muito anos e lamento o episódio;, declarou, depois da reunião, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Apesar da amizade, Múcio ressaltou que não sabia da existência do Castelo Monalisa.

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