postado em 13/02/2009 10:02
A crise econômica mundial começou a afetar os planos do governo do Distrito Federal de captar recursos externos para financiar projetos. Uma determinação do Ministério da Fazenda restringiu novos contratos brasileiros com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Com a medida, parte das ações do Brasília Integrada, na área de transportes, como a implementação do Veículo Leve sobre Pneus (VLP), terá de contar com novas fontes de financiamento.
O secretário de Transportes, Alberto Fraga, obteve da Secretaria de Assuntos Internacionais (Seain) do Ministério da Fazenda a informação de que a carteira de financiamentos do BID para governos estaduais atingiu o teto. Os contratos brasileiros alcançaram a cifra de U$ 7 bilhões. Com a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar, novos compromissos, principalmente em tempos de instabilidade financeira, representam um risco. Fraga afirma que mesmo assim o GDF vai manter as obras do VLP, que vai ligar Gama a Santa Maria ao custo de US$ 600 milhões, ou seja, aproximadamente R$ 1,3 bilhão, sendo metade custeado pelo Tesouro local. ;Vamos buscar novas fontes de financiamento;, explica o secretário.
Entre os organismos em vista está a Corporação Andina de Fomento (CAF), uma instituição financeira de caráter multilateral com sede em Caracas, na Venezuela. A CAF está entre as principais fontes de financiamentos de projetos públicos brasileiros na atualidade. Uma missão de análise da instituição deverá vir a Brasília em breve para os primeiros contatos com o governo local. ;Vamos manter o planejamento e começar as obras em breve, mesmo antes de fecharmos o financiamento;, diz Fraga.
O governador José Roberto Arruda está envolvido diretamente na busca de outras formas de viabilizar o projeto, considerado estratégico para desenvolver o Distrito Federal no eixo Leste. Ele negocia um empréstimo do Banco Mundial (Bird), que já é parceiro do GDF no Programa Brasília Sustentável, na área de preservação ambiental e de esgotamento sanitário. O possível novo financiamento chegou a ser tratado ontem em almoço oferecido pelo governador ao diretor do Bird para o Brasil, o senegalês Makthar Diop, que assumiu o posto em outubro passado.
Washington
Os dois já se conheciam e tiveram contato em visitas de Arruda à sede do banco em Washington (EUA) quando Diop, ex-ministro das Finanças do Senegal, era o diretor de Estratégia e Operações para a América Latina e o Caribe. O governador também tratou do possível contrato conhecido como Swap, que remunera o governo pelos resultados conquistados de acordo com metas previamente estabelecidas pelo Banco Mundial.
Arruda também negocia com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) o financiamento para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que vai ligar o Aeroporto Internacional de Brasília à W3 Sul, percorrendo toda a via. A instituição deverá liberar 40% do custo do empreendimento, ou seja 134 milhões de euros, ou cerca de R$ 400 milhões. A negociação está em estágio avançado e os trâmites deverão ser concluídos em março. Arruda deverá ir a Paris no próximo mês para tratar do assunto, segundo Fraga.
Para saber mais
O Veículo Leve sobre Pneus (VLP) é um dos principais projetos do Brasília Integrada. O sistema será um corredor de transportes que ligará as cidades de Gama e Santa Maria e os municípios do Entorno Sul, por meio de ônibus modernos, monitorados num centro de controle operacional. O custo do empreendimento é estimado em R$ 500 milhões e atenderá 600 mil pessoas. A estimativa é de que o VLP transportará até 20 mil pessoas por hora.
Outro importante projeto é o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), idealizado para organizar o trânsito na W3 Sul. O sistema, que é uma espécie de metrô, vai ligar num primeiro momento a 502 Sul ao Setor Policial. A viagem entre esses dois pontos deverá levar 17 minutos, com trens de três em três minutos. Na segunda fase, o VLT chegará até o Aeroporto Internacional de Brasília. O projeto deverá ser finalizado até a Copa do Mundo de 2014.