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Gastos da PF para desbaratar quadrilhas chegaram a R$ 26 milhões em 2004

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postado em 14/02/2009 09:37
As investigações da Polícia Federal consumiram R$ 26 milhões em verbas secretas nos últimos cinco anos. Um dinheiro usado para pagar informantes, alugar imóveis e carros, custear diárias em hotéis e passagens aéreas. Gasto sobre o qual só se conhecem cifras. Sob o manto do sigilo, a PF não revela como aplicou os recursos, mas garante ter tudo documentado para comprovar aos órgãos de fiscalização a regularidade de cada centavo. Em 2008, a contabilidade sigilosa dos federais atingiu R$ 6,7 milhões, o dobro de 2004 (R$ 3,2 milhões), ano em que a PF deu ignição na máquina de operações espetaculares. A Satiagraha, ação de maior repercussão em 2008, custou, segundo a versão oficial, R$ 460 mil ; sem falar na parcela de R$ 380 mil bancada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ; e é considerada a mais cara até hoje. Foi com esse dinheiro que o delegado Protógenes Queiroz montou um bunker num hotel de São Paulo para investigar o banqueiro Daniel Dantas. Sem dar satisfações detalhadas a seus superiores, Protógenes contratou arapongas da Abin, monitorou investigados no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo. Tudo com o caixinha secreto. O auxílio foi liberado em 13 parcelas ao longo da investigação. Apesar dos desentendimentos com o delegado, que culminaram em seu afastamento do caso, a cúpula da PF sustenta ter prestação de contas para cada desembolso. A verba secreta ; ou apenas VS, como é chamada internamente ; está prevista em lei. Existe para facilitar a vida dos policiais em investigação e evitar possíveis vazamentos porque elimina a burocracia que caracteriza a administração pública. É como diz o delegado Glorivan Bernardes de Oliveira, da Diretoria de Inteligência Policial (DIP): ;Nós estamos em guerra permanente e a resposta tem que ser a mais rápida possível;. Oliveira é o policial encarregado de conferir, em penúltima instância, a prestação de contas dos gastos sigilosos. Repercussão O setor onde Oliveira trabalha é a área da PF que mais consumiu a verba nos últimos cinco anos. Numa lista dos 10 servidores que se responsabilizaram pela maior quantidade de recursos no período, os três primeiros foram ou são da DIP: os delegados Emmanuel Balduíno (R$ 825 mil) e Elzio Vicente da Silva (R$ 440 mil), além do agente Osvaldo Ferreira Filho (R$ 342 mil). Pelas mãos deles passaram investigações famosas e de repercussão, como as operações Hurricane (Furacão) e Navalha, todas realizadas no primeiro semestre de 2007. Lotado até o fim do ano passado na DIP, Protógenes não figurou entre os ;10 mais;. De 2004 a 2008, ele acumulou R$ 160 mil em verbas secretas. Na lista, porém, há o nome de Amadeu Ranieri Bellomusto (R$ 195 mil), escrivão de polícia que fez parte da equipe encarregada de investigar o dono do Opportunity. Os números da DIP refletem um modelo de gestão implantado pelo ex-diretor Paulo Lacerda, que dirigiu a PF entre 2003 e 2007. Sob a batuta de Lacerda, a inteligência policial se tornou o setor todo-poderoso da corporação. Luiz Fernando Corrêa assumiu o comando e ampliou os poderes das superintendências estaduais, esvazindo os poderes dos ;homens; da sede. De um jeito ou de outro, a verba secreta só faz aumentar. Segundo Oliveira, a verba secreta acompanhou o aumento de efetivo ; de 8 mil servidores em 2003 para 13 mil, atualmente ;, do número de investigações e do custo de vida. ;Não adianta policiais, técnicas e tecnologia, se não houver dinheiro;, opina. Oliveira afirma que no fim do ano passado a Controladoria-Geral da União (CGU) analisou as contas por amostragem: ;Recebemos um atestado de idoneidade;, afirma.

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