postado em 16/02/2009 14:38
O governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou nesta segunda-feira (16/2) que o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) desrespeitou o PMDB ao generalizar suas críticas à legenda.
Em entrevista concedida à revista "Veja", o parlamentar afirma que a legenda é um "partido sem bandeiras, sem propostas nem norte" e a maioria dos seus integrantes "quer mesmo é a corrupção". "Eu tenho um enorme respeito pelo senador Jarbas, pela sua história, e somos, inclusive, amigos pessoais. Em todos os partidos há bons e maus quadros, o PMDB hoje é um partido com maior número de governadores, deputados federais, senadores, prefeitos e vereadores. Portanto, generalizar, no fundo, é uma desconsideração com ele mesmo, porque é membro do PMDB", disse Cabral, que participou hoje de um evento na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
O governador afirmou que não leu a entrevista e, por isso, não iria se aprofundar no assunto. "O PMDB tem grandes quadros, pessoas sérias, eu não sou corrupto, o senador Pedro Simon [PMDB-RS] não é corrupto, o governador Paulo Hartung [ES] não é corrupto, todos companheiros de Jarbas. Essa generalização é muita desrespeitosa a uma legenda que ele ajudou a construir." Nota.
A Executiva Nacional do PMDB minimizou nesta segunda-feira a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos. Em nota oficial, o partido classifica a entrevista de um "desabafo" de Jarbas e afirma que o partido "não dará maior atenção" à entrevista em razão da "generalidade" das alegações. "[A entrevista] não aponta nenhum fato concreto que fundamente suas declarações. Ademais, lança a pecha de corrupção a todo o sistema partidário quando diz que a ´corrupção está impregnada em todos os partidos´", diz a nota.
Segundo a Executiva Nacional do PMDB, a entrevista de Jarbas trata-se de um "desabafo" ao qual a cúpula da legenda "não dará maior relevo". A nota sinaliza que a cúpula do partido não pretende impor punições a Jarbas pela entrevista concedida à revista. A Executiva Nacional chegou a cogitar a possibilidade de expulsar o senador da legenda depois dos duros ataques direcionados ao partido.
Integrantes do PMDB defenderam a saída de Jarbas porque avaliam que, com o seu peso político, o ex-governador de Pernambuco não pode atacar a legenda sem sofrer punições. Nos bastidores, porém, a estratégia do PMDB é deixar eventuais sanções ao senador para o diretório regional do partido, em Pernambuco --sem uma ação direta da cúpula contra o parlamentar. Simon foi um dos únicos integrantes do partido a sair em defesa de Jarbas. Assim como o ex-governador, Simon integra a chamada ala dos "dissidentes" peemedebistas que criticam com frequência o governo federal --embora o PMDB integre a base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Críticas.
Na entrevista à revista "Veja", Jarbas disse que boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção. "Para que o PMDB quer cargos? Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção", disse. Jarbas afirmou ainda que o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte.
"É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos." Sobre a eleição de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, o senador afirmou que é um completo retrocesso. "A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado."