postado em 19/02/2009 09:57
O governo divulgou valores equivocados sobre o gasto com o evento que reuniu mais de 15 mil pessoas e 5,3 mil prefeitos em Brasília, na semana passada. O valor de R$ 253 mil anunciado inicialmente está bem longe do gasto real. A despesa é 7,5 vezes superior, ou de quase R$ 2 milhões, referentes aos gastos de 12 ministérios.
O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, explicou que o gasto inicial deve-se somente ao custo bancado pela Subsecretaria de Assuntos Federativos, ligada à sua pasta. A maior parte do custo foi bancada pelo Ministério das Cidades, que ficou responsável por R$ 1,349 milhão. As outras maiores despesas foram Cultura (R$ 97,5 mil). Previdência (R$ 51 mil) e Turismo (R$ 48,1 mil).
Múcio não deu detalhes dos gastos, explicando que não havia solicitado a discriminação às pastas. Os ministérios também não informaram, dizendo que a responsabilidade é das Relações Institucionais. O ministro explicou que inicialmente não sabia das despesas dos colegas. Ele sublinhou que a pasta não agiu por ;má-fé; ao não revelar qual o custo total do evento. ;Só sabia do gasto da SAF. Sabia que os outros ministérios tinham tido pequenas despesas. Não sabia que ia chegar a esse valor;, disse o ministro. O valor exato dos gastos apresentados pelo ministro é de R$ 1,876 milhão.
Bancos
O valor pode ser superior. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal também colocaram dinheiro no evento, que durou dois dias. José Múcio, no entanto, não soube especificar o custo bancado pelos dois bancos estatais.
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), defendeu o gasto e minimizou o erro do governo. ;O custo foi baixíssimo comparado com os benefícios que o evento trouxe aos prefeitos e com os efeitos que ele terá para o país;, disse o petista. O mesmo argumento foi utilizado por Múcio, que rejeitou qualquer pecha eleitoral do encontro. Segundo o ministro, o evento teve como objetivo dar subsídios aos prefeitos sobre os instrumentos disponíveis para o enfrentamento da crise econômica. ;Nesse espírito de manter a geração de empregos, é importante o prefeito saber, por exemplo, quais linhas de financiamento o governo federal disponibiliza;, afirmou.
O evento de prefeitos é alvo de duas ações da oposição. Um na Justiça Eleitoral e outro no Tribunal de Contas da União. No TCU, o DEM solicitou uma investigação dos gastos. ;A ação vai comprovar que eles mentiram, como eles mesmos admitiram;, disse o presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ).
O líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), classificou de erro grave a omissão dos gastos. ;E continuam mentindo, porque o número deve passar de R$ 10 milhões só em passagens e hospedagens para mais de cinco mil prefeitos e vereadores;, disse o tucano, sustentando que o partido cogita acionar o TCU para solicitar o ressarcimento do gasto.
Deputados da base aliada também demonstraram desconforto. O vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), defendeu que o Palácio do Planalto trate o assunto com a maior transparência possível. ;Não adianta só divulgar valores, precisa detalhar tudo para não dar margem a especulação;, afirmou.
Dê a sua opinião sobre o evento de Lula com prefeitos pelo e-mail: leitor.df@diariosassociados.com.br