Politica

Lula quer base aliada em sintonia

Governo prepara cartilhas dos programas sociais, principalmente o Bolsa Família, para municiar partidários e turbinar a candidatura de Dilma

postado em 23/02/2009 08:30
Ninguém questiona o Bolsa Família, principal programa social do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quando surgem as críticas, elas são direcionadas à alta dependência dos beneficiários em relação ao dinheiro público. E o governo enfrenta duas dificuldades: a primeira, prática, por ainda não ter conseguido deslanchar programas eficazes destinados às pessoas beneficiadas. A segunda, política: o Palácio do Planalto constatou faltar argumentos à base aliada para que saia em defesa da política social. O efeito é catastrófico ao esforço de Lula em reforçar a pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O Planalto almeja uma base afiada para defender Dilma em qualquer discussão, seja econômica ou sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas ainda não conseguiu municiar seus aliados a ir além do elogio sobre a capacidade gerencial da chefe da Casa Civil. A reunião com ministros da área social da última semana foi o primeiro passo nessa direção. O segundo virá de um encontro com os parlamentares. O governo prepara uma espécie de cartilha com as diversas informações sobre detalhes dos programas sociais, ritmo, alvo, interação. Lula espera conseguir fixar os dados na ponta da língua de seus subordinados logo depois do carnaval. Especialização O primeiro deles é o Plano Setorial de Qualificação (Planseq), a principal iniciativa destinada aos beneficiários do Bolsa Família. Com a oferta em duas áreas, construção civil e turismo, ele faz conexão direta com o PAC. Nas palavras do governo, é a maneira de deixar a ;mãe do PAC; com uma cara social. A dificuldade tem sido arregimentar jovens de famílias bancadas pelo Bolsa Família para os cursos de especialização. O Planseq da construção civil abriu 185 mil vagas até o fim de 2009, mas até agora só recebeu inscrição de 13 mil jovens, ou 7% do total. E o tempo está correndo. As turmas de treinamento, segundo prevê o Ministério do Desenvolvimento Social, começam em março. Equipes da pasta comandada por Patrus Ananias foram deslocadas para mais de 20 capitais e regiões metropolitanas com objetivo de divulgar as ações da iniciativa. ;O problema foi a entrada de municípios nos projetos porque fizemos a apresentação no período eleitoral. Tivemos de esperar os novos prefeitos assumirem para retomar a mobilização. E houve problema na divulgação dos cursos. Faltava interesse porque as pessoas achavam que era trabalho de pedreiro e auxiliar;, disse a secretária nacional de Renda de Cidadania, Lúcia Modesto. ;O público mais novo tem aspirações de acessar outros tipos de inserção laboral e quando divulgamos os cursos de serralheiro, marceneiro, operador de grua e tratorista, houve uma dimensão mais real das possibilidades;, acrescentou. O Planseq turismo é a segunda fase, com inscrições programadas para o segundo semestre. A oferta é de 27 mil vagas. A expectativa do governo é usar essa mão-de-obra a ser qualificada em obras do PAC. É o espaço aberto para Dilma poder falar da política social do governo.

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