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Em entrevista, presidente do Democratas diz que campanha de 2010 será marcada por acusações a Lula

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postado em 24/02/2009 15:44

Se depender do DEM, a campanha presidencial de 2010 será dura, marcada por acusações e críticas ao governo Lula. Em entrevista ao Correio, o presidente nacional do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), diz que não adianta entrar na disputa com o discurso conciliador ensaiado pelos presidenciáveis do PSDB. ;Ou vamos para o confronto, ou perderemos;, diz. Ele garante que o Democratas não tem preferência entre os dois nomes tucanos, os governadores José Serra e Aécio Neves. Deixa claro que o DEM será aliado do PSDB, mas quer que os tucanos cedam espaço nos estados e apoiem candidatos do partido aos governos estaduais.


A única alternativa do DEM para 2010 é ser aliado do PSDB?
Sim. É o melhor caminho para a oposição. Acompanhamos de perto a atuação do governo nesses últimos seis anos e vimos a falta de limites do PT no uso da máquina pública. A forma que eles atuam nas estatais, o inchaço de funcionários. A operação da Caixa Econômica Federal no dia seguinte à eleição municipal. Mal acabava a eleição, o gerente da Caixa ligava para o prefeito, oferecia material e marcava uma reunião na superintendência regional. Depois, veio a liberação de recursos e o encontro nacional de prefeitos. Que era uma marcha e virou um evento de submissão. Nossa compreensão é que não devemos gastar energias com candidaturas. DEM, PSDB e PPS devem unir forças já no primeiro turno em torno do melhor candidato e o PSDB tem dois grande nomes. O que nós devemos acelerar, independente do nome, e, já em 2009, começar a montagem dos palanques. O importante é a regra.

Se o importante não é o nome do candidato, qual é a prioridade para o DEM?
Os palanques regionais. Que a gente defina os candidatos a governador em cada um dos estados. Não devemos perder energias para atrair terceiros nesse momento.

Por terceiros, o senhor fala no PMDB?
No PMDB ou em qualquer outro. Se tivermos que buscar alguma aliança com outro partido localmente, que seja no estado. As direções nacionais do PSDB, DEM e PPS não podem entrar em negociações diagonais. É claro que o PMDB não vai se definir agora. Então, não vamos perder energia com esse tipo de conversa. Se a gente fortalecer os nossos palanques e no futuro alguém se agregar, melhor. Mas se você esperar para fechar o seu palanque na expectativa de ter o apoio do PMDB em um estado ou outro, pode criar uma divisão em sua base e acabar sem palanque para o candidato presidencial.

O senhor vê alguma chance de o PMDB estar na chapa da oposição?
Não. O PMDB está cada vez mais comprometido com o governo Lula. A nível nacional, não devemos perder tempo com o PMDB.

O senhor falou que o PSDB tem dois grandes nomes. O DEM fechará igualmente com José Serra ou Aécio Neves? Ou tem alguma preferência?
Não tem preferência nenhuma. Nós temos uma relação mais próxima com o governador Serra hoje por razões óbvias. A consolidação da liderança do prefeito Gilberto Kassab passa por ele e a vitória dele em São Paulo foi fundamental para o DEM. Isso não pode ser desconsiderado, mas não levará a nenhuma posição. Os partidos são maiores que as pessoas e os dois têm condições idênticas de governar o Brasil.

O DEM não vai interferir na escolha do PSDB?
Não. Já deixei claro ao senador Sérgio Guerra (presidente nacional do PSDB). Queremos o melhor palanque e o candidato será decidido pelo PSDB.

O DEM está mesmo disposto a ceder a candidatura a vice?
Abrir mão de algo só caberia no momento em que houvesse um bom motivo. Aécio e Serra são candidatos a presidente da República. Nenhum deles é candidato a vice. É natural que a vice-presidência seja do Democratas. Não posso oferecer demais. Na economia, se a oferta é muita, cai o preço. Temos bons quadros para compor a chapa. Nomes como o governador do DF, José Roberto Arruda, a senadora Kátia Abreu, o ex-prefeito César Maia, o senador José Agripino e o deputado Ronaldo Caiado.

O mais importante para o DEM são os palanques locais?
O importante é não repetir os problemas que tivemos em 2006. O Geraldo Alckmin (candidato a presidente) chegava num lugar e ia primeiro ao PFL (hoje DEM), depois ao PSDB, depois não sei aonde. Às vezes, não era nem recebido. Vamos primeiro fechar os palanques regionais. É importante para a unidade. Para que as bases estejam comprometidas com o candidato que sair do PSDB.

Quais os estados fundamentais para o DEM?
Santa Catarina é uma prioridade, assim como Rio de Janeiro. Queremos lançar um pré-candidato em Minas Gerais. Achamos que, se o Aécio for o candidato a presidente, deveria ceder a cabeça da chapa local a um aliado. A Bahia será nossa prioridade número um, já a partir de março. Queremos também ter candidatos em Sergipe, Paraíba, Ceará, Mato Grosso, Distrito Federal, Roraima e Rondônia.

No ano passado, o DEM comemorou a vitória de Gilberto Kassab em São Paulo, mas perdeu centenas de prefeituras no interior do país. O partido está encolhendo durante o governo Lula?
É um processo natural da política brasileira. Não existem mais partidos ideológicos. Existia o PT, mas ele assumiu o poder e entrou na mesma linha dos outros. São partidos de cooptação. Se você olhar o mapa das últimas eleições, verá que nós perdemos onde existe maior penetração do Bolsa Família. Se você olhar o número de eleitores que o partido administra, verá que continua o mesmo desde 2000. Tinha 1,2 mil prefeituras e administrava 16 milhões de brasileiros. Em 2004, com a vitória no Rio, continuamos administrando 16 milhões de pessoas, mesmo com 800 prefeituras. Em 2008, a vitória de São Paulo e algumas outras cidades nos manteve com 16 milhões de eleitores. Como fomos para a oposição e o Nordeste, onde era a nossa base, é uma região que precisa muito de governo, era natural que nós perdêssemos prefeituras.

O DEM é o partido que mais bate no governo Lula. O PSDB tem dois candidatos que falam mais em ;pós-Lula; que em anti-Lula. Como o DEM se encaixa nesse processo?
Os dois são governadores e precisam ter uma boa relação com o governo federal. A partir de 2009, com o processo pré-eleitoral, os dois farão um discurso de oposição. Não tem saída. Ou se ganha com um projeto de oposição, ou vamos perder.

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