postado em 25/02/2009 08:00
O poder dos caciques do PMDB pode ser medido pelo orçamento administrado pelas indicações de cada um. O triunvirato do partido tem aliados em postos-chave. O atual e dois ex-presidentes do Senado, José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), ratearam os principais cargos do setor de energia no paÃs (veja quadro). Indicação de Sarney, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) tornou-se ministro de Minas e Energia ano passado. O grupo tem aliados nas presidências da Eletrobrás e da Eletronorte, dois dos principais cargos da área. Somado à s estatais, o orçamento do ministério chega a R$ 80 bilhões - o maior da Esplanada.
Num segundo escalão de força, existem as nomeações pulverizadas pelas bancadas da Câmara e do Senado. Nelas, estão inclusos cargos menos expressivos do setor de energia, mas há indicações com capilaridade e poder nas bases: os projetos do Ministério da Integração Nacional, as diretorias e superintendências dos Correios, responsável pela distribuição de mercadorias paÃs afora, e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que cuida da saúde indÃgena. Nesse segundo nÃvel, destacam-se o senador Romero Jucá (RR) e os deputados Eduardo Cunha (RJ), EunÃcio Oliveira (CE), Fernando Diniz (MG) e o ministro Geddel Vieira Lima (BA).
Na terceira esfera, encontram-se nomeações de cota pessoal ou de polÃticos sem mandato. O economista Djalma Bezerra, por exemplo, foi indicado pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), para comandar a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Renovado, o órgão foi um epicentro de escândalos de corrupção na gestão FHC, levando Jader Barbalho a deixar a presidência e, depois, o Senado para não ser cassado.
O PMDB nunca foi tão bem atendido no governo Lulax, afirma o lÃder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O recorrente apetite do partido por mais cargos cessou. A legenda saciou-se e o Palácio do Planalto avalia que o aliado recebeu o que queria, até mesmo para apoiar em 2010 a ministra Dilma Rousseff para suceder Lula.
Afinal, para que tanto cargo? xÉ o tipo de loteamento que todos os governos no paÃs fizeram e fazem para governarx, conta o cientista polÃtico Octaciano Nogueira, da Universidade de BrasÃlia (UnB). xMas podem ser frutos de corrupção e até caixa eleitoral como demonstrou o escândalo do mensalãox, ressalva o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), ao lembrar que o esquema de compra de votos no Congresso veio à tona depois que se revelou o recebimento de propina por um funcionário de terceiro escalão indicado pelo PTB. Ambos pregam uma reforma do Estado para reduzir boa parte dos 20 mil cargos federais de livre nomeação.
Não se sabe quantos desses postos passaram pela bênção de peemedebistas. A assessoria do presidente do partido e da Câmara, Michel Temer (SP), não dispõe de informações. Nem as lideranças partidárias arriscam um número.
O MAPA DA MINA