postado em 26/02/2009 08:00
Numa clara demonstração da polÃtica de boa vizinhança, o ministro da Justiça, Tarso Genro, abriu as portas da pasta para acomodar mais um aliado de Paulo Lacerda, ex-diretor da PolÃcia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Com o respaldo da Casa Civil, Tarso nomeou o delegado Zulmar Pimentel dos Santos para o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Zulmar foi número 2 da PF de Paulo Lacerda até ser acusado de vazar informações da Operação Navalha, ação policial de 2007 contra fraudes em contratos milionários da União. Por causa da suspeita, ele foi denunciado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar desse histórico, o Ministério da Justiça decidiu colocá-lo à frente da Corregedoria-Geral do Depen. Ou seja, ele terá a missão de investigar eventuais deslizes cometidos por servidores do sistema penitenciário.
Foi por violar o sigilo de uma investigação que tinha entre os alvos um colega de PF que Zulmar se enrolou, segundo o Ministério Público Federal (MPF). De acordo com a denúncia do MPF, com base em grampos telefônicos produzidos pela polÃcia, com autorização judicial, ele comunicou ao delegado João Batista Paiva Santana, então superintendente da PF no Ceará e um dos investigados pela Navalha, a existência da apuração. Isso teria ocorrido durante viagem feita pelo então diretor-executivo a Fortaleza, em março de 2006, para expor investigações policiais que estariam em curso naquela unidade. De acordo com o MPF, a ida ao Ceará não passou de pretexto para alertar o colega. Zulmar chegou a ser flagrado numa ligação telefônica pedindo a Batista que o buscasse ;sozinho; no aeroporto.
Rivalidade
Os desdobramentos da Navalha são sentidos até hoje dentro da PF. A operação foi conduzida pela Diretoria de Inteligência Policial (DIP), então pilotada pelo delegado Renato Porciúncula. Pouco antes da ação, Porciúncula e Zulmar eram os cotados para substituir Lacerda no comando da corporação. A Navalha acirrou a rivalidade. Hoje, sem espaço dentro da polÃcia ; administrada por pelo grupo que tem à frente Luiz Fernando Corrêa ;, os dois voltam a trabalhar no mesmo local.
Em janeiro passado, Tarso Genro já havia acomodado Porciúncula na Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), depois que perdeu o emprego na Abin, diante dos desdobramentos da Operação Satiagraha, apuração policial que contou com a colaboração de arapongas.
Procurado ontem pelo Correio, o Ministério da Justiça fez a defesa do delegado: o servidor tem o perfil adequado para exercer a função por ser experiente, antigo e de confiança. Além disso, a assessoria de Tarso Genro saiu em defesa de Zulmar no caso Navalha, afirmando que o policial não vazou dados da Navalha, mas viajou ao Ceará com o propósito único de demitir o delegado João Bastista.
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