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Sarney diz que manterá no cargo diretor-geral suspeito de omitor imóvel para a Receita

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postado em 02/03/2009 15:45
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira que vai manter no cargo o diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, acusado de usar o irmão para esconder da Justiça a propriedade de uma casa avaliada em cerca de R$ 5 milhões. Sarney disse não ver motivos para afastar Agaciel das suas funções uma vez que as denúncias, publicadas pela *Folha*, ainda não foram apuradas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). "Não podemos afastá-lo sem saber se as denúncias são procedentes ou não. Nós entregamos [ofício] ao Tribunal de Contas que é o maior órgão mais insuspeito de todos para examinar o assunto", afirmou. Sarney encaminhou hoje ao TCU ofício com o pedido de investigações sobre a evolução patrimonial de Agaciel. O presidente do Senado disse que conversou ontem por telefone com o presidente do TCU, ministro Ubiratan Aguiar, depois de ler as denúncias na *Folha*. "Quando eu li a matéria, imediatamente entrei em contato com o presidente do TCU dizendo que hoje ia encaminhar ofício para que ele determinasse a investigação sobre a procedência das denúncias apresentadas por aquele jornal a respeito do diretor do Senado Já mandei hoje de manhã o ofício, acredito que o Tribunal de Contas inicie muito rapidamente essas providências devidas", afirmou. Em entrevista à imprensa, Agaciel admitiu hoje que não transferiu o imóvel para o seu nome --uma vez que a casa é de propriedade do seu irmão, o deputado federal João Maia (PR-RN). O diretor negou que não tenha declarado a casa à Receita Federal porque, na época, os seus bens estariam indisponíveis. Agaciel chegou a confirmar à *Folha* que o imóvel não foi declarado porque ele tinha pendências judiciais, mas hoje voltou atrás na sua versão. O diretor apresentou hoje sua declaração ao Imposto de Renda de 1996, que inclui a residência entre os seus bens. "Esse foi o meu único erro, como era um negócio fraternal, de família, não fui ao cartório transferir o imóvel, o que vou fazer agora", disse. A reportagem afirma que Agaciel comprou a casa em 1996, um ano após assumir o cargo de diretor-geral, mas nunca registrou a propriedade. Não há nenhum imóvel em Brasília em seu nome, nem no de sua mulher, Sânzia, também funcionária do Senado, nem no nome dos três filhos do casal. Agaciel disse que o valor da sua casa foi superestimado, uma vez que o imóvel vale apenas R$ 2,5 milhões por estar localizado próximo a uma estação de tratamento de lixo --o que desvaloriza a casa pelo mau cheiro encontrado no local. "O imóvel é em frente à usina de tratamento de lixo. É uma área desvalorizada. Ninguém vai dar esse valor [R$ 5 milhões] em uma casa onde você não pode receber visita porque tem um odor muito forte." Apesar das denúncias, o diretor disse que se sente confortável para permanecer no cargo. "Eu não sou uma pessoa que veio de fora para ocupar um cargo aqui. Não sou filiado a nenhum partido, não me envolvo nem na eleição dos senadores. Eu entendo que não mereço isso. Estou tranquilo porque não fiz nada de errado."

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