postado em 04/03/2009 12:45
Brasília - A promessa do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) de oferecer o comando de uma das comissões permanentes do Senado ao senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) transformou a escolha do novo presidente da Comissão de Infraestrutura da Casa numa disputa entre o ex-presidente da República e a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Apesar do PT argumentar que tem direito ao cargo pela regra da proporcionalidade dos tamanhos das bancadas na Casa, o PTB cobra a promessa feita por Renan durante a campanha do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado em troca do apoio da legenda ao peemedebista.
"O PMDB assumiu um compromisso com os quais não pode abrir mão. O nosso regimento fala em proporcionalidade apenas para os membros da comissão, mas não para esta disputa. O PMDB não tem como abrir mão de um compromisso previamente assumido", disse Renan. Na sessão que define o novo presidente da comissão, Ideli pediu o apoio dos colegas ao afirmar que as regras pré-estabelecidas no Senado não devem ser seguidas com base na "boa vontade" dos partidos.
"Infelizmente, o meu nome foi colocado numa disputa inédita, pelo menos nas duas últimas décadas aqui no Senado. a proporcionalidade não é só uma regra que pode ser entendida conforme a boa vontade. Talvez a minha forma de apaixonada de fazer política me angariou simpatia de alguns, e não tanto de outros", afirmou a petista.
Collor, por sua vez, argumentou que o PTB cobra apenas o acordo prometido por Renan durante a campanha de Sarney. "Eu jamais teria qualquer tipo de enfrentamento porque temos pela senadora Ideli o maior respeito. Ela é uma senadora que congrega, reúne, cisca para dentro. Mas não há nada que me impeça, nem a Constituição nem a lei, de disputar", afirmou.
Mal-estar.
As palavras de Collor provocaram um mal-estar entre os aliados de Ideli, que ficaram irritados com o fato do senador afirmar que a petista "cisca para dentro". O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) cobrou uma retratação de Collor ao afirmar "ciscar" não faz parte do "histórico" de Ideli --numa referência indireta ao ato praticado por aves.
Collor disse que não teve a intenção de ofendê-la, mas decidiu retirar a expressão para minimizar o mal-estar na comissão.
A sessão transcorre em clima tenso na divisão entre o grupo de Collor e de Ideli. Mercadante bateu boca com o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que ficou irritado com o fato do petista ter se dirigido a ele como "você" --e não "Vossa Excelência", como é praxe da Casa.
Manobra.
Renan escalou aliados do PMDB para integrar a comissão de última hora, com o objetivo de garantir votos para Collor. O líder peemedebista substituiu os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO) por aliados mais fiéis da legenda, como Wellington Salgado e Almeida Lima (PMDB-SE). Como a disputa vai a voto, Renan trabalha para garantir maioria na comissão em favor de Collor.