Politica

Mão de Renan Calheiros recupera a força no Congresso

;

postado em 05/03/2009 10:37
No momento em que os integrantes da Comissão de Infraestrutura caminhavam até a urna para depositar seus votos, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), mudou estrategicamente de lugar na sala. Posicionou-se, perfilado, atrás da Mesa Diretora. Ao seu lado, o líder do PTB, Gim Argello (DF). Com o gesto, Renan deu forma ao que todos sabiam. Foi ele quem patrocinou a candidatura de Fernando Collor de Mello (PTB-AL) à presidência da comissão e impôs ao PT sua maior derrota legislativa no ano. Exatos 14 meses depois de ser obrigado a renunciar à Presidência do Senado, Renan volta a ser um dos políticos mais importantes da Casa e aproveitou para cobrar a fatura de alguns antigos desafetos. Renan foi decisivo. Inicialmente, Collor planejava disputar a presidência da Comissão de Relações Exteriores. Foi convencido pelo conterrâneo a desistir, porque a contabilidade ali era inclemente. Mostrava que ele perderia para o tucano Eduardo Azeredo (MG). Renan então o orientou a tentar a Comissão de Infraestrutura, onde a relação de forças era mais favorável. Não foi uma escolha aleatória. Há meses o PT tinha declarado seu interesse no cargo. O confronto era certo. Assim como a vitória petebista. Escolhido líder da bancada do PMDB, cabia a Renan indicar os integrantes do partido na comissão. Escolheu-os a dedo, entre os integrantes de sua tropa de choque, como o mineiro Wellington Salgado. Faltava assegurar os votos do DEM. Para isso, ele cedeu ao partido a vice-presidência do colegiado. O cargo, que seria do PMDB, foi entregue ao democrata Eliseu Rezende (MG). Embora oficialmente tenha liberado sua bancada, o DEM despejou votos em Collor. O apoio a um nome do PTB foi estratégico para Renan. O partido tem sete senadores e, nos últimos tempos, aprendeu a votar unido. Foi decisivo na eleição de José Sarney (PMDB-AP) para a Presidência do Senado. Na prática, os petebistas de Gim Argello formam um bloco com o PMDB de Renan. Juntos, os dois controlam cerca de 25 votos, decisivos no precário equilíbrio do Senado. Não por acaso, em seu discurso na Comissão de Infraestrutura, Renan apontou várias vezes a fragilidade da maioria governista no Senado. Uma maioria que depende deles e de seus aliados. Há pouco tempo, numa conversa reservada, José Sarney definiu a situação. ;O Renan gosta de ter um porrete nas mãos na hora de conversar com o Palácio do Planalto.; Agora, ele tem. Troco Em dezembro de 2007, Renan viveu o pior momento de sua vida parlamentar. Acusado de usar os serviços de um lobista para pagar a pensão de uma filha que teve fora do casamento, ele teve de renunciar à Presidência do Senado. Submetido a julgamento em plenário, por pouco não foi cassado. Na época, anotou cuidadosamente o nome de alguns desafetos. Nos últimos meses, vingou-se deles. Primeiro foi Tião Viana (PT-AC). Vice-presidente do Senado durante a crise de Renan, assumiu o cargo quando o peemedebista teve de se afastar e deu celeridade ao processo contra ele. Em fevereiro, Tião foi derrotado por Sarney na disputa pela presidência do Senado. Renan foi o articulador de Sarney. Ontem, foi a vez de Aloizio Mercadante. O petista tirou o corpo fora durante a crise, quando Renan esperava ter o seu apoio. Hoje, Mercadante é o líder do PT. A candidatura de Ideli Salvatti (PT-SC) à Comissão de Infraestutura foi seu primeiro teste. E Renan venceu. Nos dois episódios, o PSDB aliou-se ao PT e compartilhou a derrota. Os tucanos também entraram na lista de inimigos de Renan, depois de lutar por sua cassação. Leia mais sobre a eleição de Collor para a Comissão de Infraestrutura do Senado na edição impressa do Correio Braziliense

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação