postado em 06/03/2009 18:24
São Paulo - Indicar à Direção Nacional do PT a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata à sucessão de Lula em 2010 será o destaque do seminário que será promovido neste sábado (07/03) pelo grupo petista 'Um Novo Rumo para o PT' A corrente pretende iniciar a consolidação da candidatura presidencial de Dilma num momento em que ela tenta se apresentar ao eleitorado com aparições mais frequentes em eventos públicos, como a participação, ontem (dia 5) na missa do padre Marcelo Rossi, que reuniu uma plateia de 15 mil católicos. "Nós, do Novo Rumo - e não estamos sozinhos no PT -, queremos a companheira Dilma como nossa candidata a presidente", ressalta o documento que será entregue ao Diretório Nacional da legenda.
No encontro deste sábado, essa ala petista promete reunir os principais nomes do partido, como a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, os ex-prefeitos de Belo Horizonte Fernando Pimentel e do Recife João Paulo Lima e Silva, os deputados federal Antonio Palocci e estadual Rui Falcão e o senador Aloizio Mercadante, entre outros.
A princípio, a legenda não discutirá as eleições estaduais, mesmo porque os petistas estão com dificuldades para fechar consenso em torno de um nome forte. Dentre esses nomes estão o da ex-prefeita Marta Suplicy, derrotada nas últimas eleições municipais e Antonio Palocci, que está na dependência da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Esse episódio custou a Palocci a saída do Ministério da Fazenda em 2006.
Missa - Estrela do governo federal, a ministra passou quase despercebida ontem (5) diante de uma plateia de mais de 15 mil pessoas em São Paulo. A virtual candidata petista à Presidência em 2010 veio à Capital para assistir a uma missa do padre Marcelo Rossi, compromisso divulgado na agenda oficial da ministra. Apesar de tentar balbuciar o refrão de músicas em ritmo de rock cantadas pelo líder católico e de segurar uma vela por 20 minutos para uma oração, Dilma não ajoelhou, ergueu as mãos ou comungou. Anunciada como "uma presença muito especial" pelo bispo da Diocese de Santo Amaro, dom Fernando Figueiredo, a ministra foi saudada com aplausos protocolares pelo público.
A petista passou cerca de 1h15 da celebração em cima de um palco com 17 metros de comprimento e 3 metros de altura - o altar do santuário. Vestida com um terno amarelo claro, ela ocupou a primeira fila da "ala VIP" do templo, instalada do lado direito do palco. Pela exposição ao público que oferece ou pela fé na ajuda divina, o santuário virou nos últimos anos ponto de peregrinação de candidatos em campanha. Nas últimas eleições municipais, ano passado, por exemplo, lá estiveram o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o secretário de Desenvolvimento paulista, o ex-governador Geraldo Alckmin. Ambos disputavam a Prefeitura da capital paulista.
A visita da ministra foi certamente uma das mais discretas dentre as autoridades. Contida e com o semblante fechado, ela passou a missa observando o padre, com ar de curiosidade. A plateia também demonstrou pouco interesse na convidada. A maioria não tirava os olhos do padre cantor. Depois de ser apresentada ao público, Dilma leu um trecho do Evangelho escolhido pela Igreja para o dia. Os milhares de fiéis aplaudiram efusivamente - mais a leitura do que a leitora. A ministra só voltou a ser chamada por dom Fernando na hora da bênção final. O bispo aspergiu água benta direto no rosto da petista, que, rindo, teve de tirar os óculos para secá-los. Antes da bênção, o religioso brincou com a plateia: "Jogo água na ministra?".
A visita de Dilma acontece no momento em que o PT paulista se esmera em reforçar a presença dela em São Paulo - Estado forte do possível adversário na disputa pela sucessão presidencial, o governador José Serra (PSDB). A ministra, porém, não deu oportunidade para questionamentos sobre os motivos de sua vinda à capital. Assim terminou a missa, deixou o santuário pelos fundos, sem falar com a imprensa. Segundo seguranças do portão por onde ela saiu, os carros da comitiva de Dilma foram os primeiros a deixar o local na noite de ontem.
Coube ao deputado federal, Jilmar Tatto (PT), tentar explicar o compromisso da ministra. Há um ano e meio sem frequentar o santuário, o integrante da Direção Nacional do PT foi ontem à missa para acompanhar Dilma. "Ela queria conhecer as famosas missas de Padre Marcelo. Gostou muito", disse Tatto. O líder petista, porém, esquivou-se de responder sobre eventuais intenções eleitorais da visita.
Assíduo frequentador dessa missa, o vereador paulistano Gabriel Chalita (PSDB), também estava na área VIP do santuário, próximo à ministra. De acordo com o tucano, Dilma contou ter ido ao evento por indicação do vice-presidente, José Alencar, que se recupera de uma cirurgia de alta complexidade para a retirada de tumores. Ela ganhou de padre Marcelo 50 terços de pulso abençoados. "Para distribuir por Brasília", explicou Chalita.
Discurso atraente - O conteúdo da leitura feita pela ministra de um trecho do Antigo Testamento coincidiu com o momento enfrentado por Dilma, de combate a adversários. Padronizada em todas as igrejas da arquidiocese de São Paulo para o período de Quaresma, a passagem do Livro de Ester narra uma oração da rainha Ester, que teria vivido no século V antes de Cristo, pedindo forças na luta pela libertação do povo judeu. Disposta a enfrentar uma batalha pelo mais alto cargo do governo federal, Dilma leu: "Põe em meus lábios discurso atraente, quando eu estiver diante do leão. Muda o seu coração para que odeie aquele que nos ataca, para que este pereça com todos os seus cúmplices "