Politica

Eduardo Cunha, o novo operador político do PMDB

Negociador duro e com controle sobre uma bancada estimada em 20 parlamentares, deputado Eduardo Cunha tornou-se um dos mais influentes na Câmara

postado em 08/03/2009 09:33
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) terá uma agenda de trabalho atribulada esta semana. deve apresentar na terça-feira seu relatório sobre a medida provisória que cria um fundo público para projetos do setor elétrico. O deputado anunciou que protocola, na quarta-feira, o pedido de criação da CPI para investigar os fundos de pensão. No mesmo dia, vai acompanhar se o deputado Bernardo Ariston, colega de bancada que Cunha emplacou na presidência da Comissão de Minas e Energia, conseguirá convocar representantes do fundo de pensão dos funcionários de Furnas. Eduardo Cunha passou a controlar a Comissão de Minas e EnergiaA agenda é um indício de que o economista de lentes grossas Eduardo Cosentino da Cunha, 50 anos, se tornou um novo cacique do PMDB no Congresso. Deputado federal de segundo mandato, Cunha chegou ao partido apenas em 2003, depois de ter passado pelo extinto PPB (hoje PP). É uma revelação, ainda mais para quem apareceu no noticiário político ligado a personagens controversos da vida pública brasileira. Pela primeira vez no final da década de 80, com Paulo César Farias, ex-tesoureiro do presidente Fernando Collor, de quem teria conseguido apoio para presidir a loteria estadual (Telerj). Depois, foi nomeado para cargos na área de habitação pelo ex-governador do Rio Anthony Garotinho. Cunha teve um primeiro mandato apagado e sem ocupar cargos relevantes. Seu nome só apareceu no noticiário político em 2005, durante as investigações da CPI dos Correios sobre o mensalão. Descobriu-se à época que o doleiro Lúcio Funaro, apontado pela CPI como um dos responsáveis por operações fraudulentas em fundos de pensão, firmou um contrato de aluguel em um flat em Brasília onde morava o deputado fluminense. Destaque O carioca ganhou projeção na atual legislatura. Em 2007, foi relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da proposta de emenda constitucional que prorrogava a CPMF, o imposto do cheque. Só deu o parecer pela constitucionalidade do imposto quando garantiu a nomeação do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas. No ano seguinte, foi presidente da poderosa CCJ, dando a relatoria do projeto que muda o rito das medidas provisórias e do da reforma tributária ao correligionário Leonardo Picciani ; que, na dobradinha anterior, presidira a CCJ. Mês passado, foi decisivo nos bastidores para colocar Michel Temer (SP) no comando da Câmara nos próximos dois anos. Tem uma liderança informal sobre uma bancada de 20 deputados espalhados pelo PMDB, PSC, PHS e PTC.Na Comissão de Energia, por onde se discutirá os projetos do pré-sal e do petróleo, há cinco deputados ligados a Cunha. Não responde a qualquer investigação criminal. Ao contrário, processa mais de 10 pessoas entre jornalistas e desafetos que lançam suas suspeitas sobre seus métodos de fazer política supostamente no troca-troca de favores. ;Nunca indiquei ninguém para fundos de pensão;, responde Cunha, quando perguntado se patrocinou a frustrada tentativa de troca dos diretores do fundo de Furnas. ;Falam e escrevem coisas que não existem;, esquiva-se.

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