postado em 09/03/2009 17:40
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o presidente da CPI das Escutas Telefônicas, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), adiaram para amanhã a conversa que deve definir sobre a possibilidade de prorrogar as atividades da comissão. Itagiba sugere a ampliação por mais 60 dias. A reunião foi remarcada em decorrência de horários na agenda de Temer.
Itagiba quer analisar as denúncias, publicadas na revista "Veja", de que autoridades dos três Poderes foram alvos de uma investigação ilegal promovida pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz --que comandou a primeira fase da Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas.
O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, disse hoje que se dispõe a prestar esclarecimento à CPI sobre os novos fatos, caso seja solicitada sua presença.
"Cidadão nenhum tem o poder, a opção de acolher o não. Servidor público tem a obrigação de vir, sendo convocado. Sou um servidor público, qualquer órgão de controle que exige esclarecimento está à disposição", afirmou ele, após reunião com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Itagiba prepara um voto em separado para pedir o indiciamento de vários policiais envolvidos nas investigações da Satiagraha. Ele sugere os indiciamentos dos delegados da PF Paulo Lacerda, ex-diretor-geral da polícia, Protógenes, além de José Milton Campanha, ex-diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e do banqueiro Daniel Dantas.
Reportagem
Reportagem publicada na revista "Veja" informa que Protógenes usou métodos ilegais para investigar diversas autoridades. Entre os alvos de Protógenes estariam os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), o ex-ministro José Dirceu, o governador José Serra (São Paulo), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o empresário Fábio Luiz da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Protógenes teve destaque no noticiário nacional devido às atividades no comando da Operação Satiagraha --que prendeu no ano passado Dantas, Pitta e Nahas, entre outros.
No entanto, a atuação do delegado provocou críticas e ele foi afastado da operação e alvo de um inquérito da PF --que apura eventuais excessos cometidos por Protógenes no curso da Satiagraha. Entre os problemas da investigação estaria a utilização de agentes da Abin.
Pela reportagem da "Veja", a PF teria descoberto no computador pessoal e pen drive de Protógenes informações sobre investigações ilegais cometidas pelo delegado. A revista diz que entre os documentos encontrados na casa de Protógenes há relatórios que levantam suspeitas sobre atividades de ministros do governo, fotos comprometedoras que foram usadas para intimidar autoridades e gravações ilegais de conversas de jornalistas. O diretor-geral da PF disse hoje que o vazamento de informações publicadas na revista pode ter ocorrido através da Justiça ou da CPI dos Grampos. Segundo ele, não foi por intermédio da Polícia Federal porque o inquérito que investiga o vazamento anterior está sob sigilo.