Politica

Nova geração de advogados fazem campanhas por blogs jurídicos

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postado em 15/03/2009 09:54
Aos 26 anos, Gustavo D;Andrea faz parte de uma nova geração de advogados que ganha cada vez mais espaço no sisudo e tradicional meio jurídico: a dos conectados, aqueles que são adeptos das mais variadas ferramentas da internet. Com apenas quatro anos de formado, ele tem um ambicioso plano: estimular a criação de 701 blogs jurídicos em seis meses. No início de março, lançou o desafio na rede mundial de computadores. A intenção é estimular a livre troca de informações entre estudantes, advogados, magistrados e juristas. D;Andrea já contabiliza adesões. Ao todo, 12 novos blogs sobre temas jurídicos foram lançados desde que o plano foi posto em prática e outros oito estão em fase de gestação. Atualmente, estima o advogado, há apenas cerca de 100 blogs sobre direito no Brasil. ;Acho que vai dar;, diz, otimista. Ele sabe, no entanto, que a resistência a novas tecnologias ainda persiste na rotina de boa parte dos profissionais que atuam no meio, especialmente os mais velhos. ;Quero promover uma inclusão digital dos juristas. O direito está mudando e os profissionais têm que mudar também. Os mais tradicionais não gostam muito de mexer (na internet) porque são conhecidos e já fizeram carreira mesmo antes da internet. Mas essa resistência está acabando;, afirma. Em seu blog, o Forên{J }, D;Andrea dá dicas para os iniciantes colocarem a mão na massa, muitas vezes de madrugada. Mas ele não se importa. Já está acostumado a virar noites em frente à tela do computador. Antes mesmo da empreitada, D;Andrea já havia inovado: foi ele o responsável por criar a Forensepédia, uma espécie de enciclopédia virtual com verbetes jurídicos definidos pelos próprios usuários, nos moldes da famosa Wikipédia. Tanta inovação pode causar estranheza entre os mais ortodoxos. Mas o advogado acha que a modernização do direito é um caminho sem volta. ;Não dá para fazer uma revolução, mas, aos poucos, vamos trocando ideias, propondo coisas inovadoras, até que a coisa deslanche. Somente quando as gerações de hoje assumirem posições importantes é que as coisas vão mudar. Da noite para o dia não muda, isso é uma coisa gradual;, afirma. Alguns advogados, juristas e magistrados já estão se adaptando às mudanças impostas pela modernidade. Em São Paulo, há casos de desembargadores-blogueiros, que utilizam a internet para divulgar pautas de julgamentos ou expressar opiniões, como o desembargador José Renato Nalini, da Câmara Ambiental do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Em Brasília, o advogado e jornalista Ricardo Maffeis mantém o blog Direito na Mídia, em que comenta reportagens sobre temas jurídicos publicadas por veículos de comunicação. Ele aplaude a iniciativa do colega. ;Esse é um caminho sem volta. Por causa do blog, já conheci promotores, juízes, troco informações o tempo todo;, conta Maffeis, que também distribui um boletim semanal para uma lista de 600 pessoas. O advogado contabiliza quase 10 mil acessos ao blog em um ano. Maffeis trabalha com a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nancy Andrighi. Além dela, apenas outros cinco integrantes de uma das mais altas Cortes de Justiça do país mantêm sites individuais na internet. Em sua página, a ministra disponibiliza decisões tomadas pelo STJ e mantém um espaço para explicá-las aos internautas. ;Ela não fica conectada o tempo todo, mas faz questão de manter o site atualizado;, diz o advogado. Um bom começo.

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