postado em 16/03/2009 21:01
Despesas sigilosas com cartões corporativos da Presidência da República somaram R$ 2,1 milhões em janeiro, o equivalente a 42% de todos os recursos desembolsados pelo órgão durante o ano passado inteiro (R$ 4,9 milhões), mostra levantamento feito pelo site Contas Abertas, com informações da Controladoria-Geral da União (CGU). A relação é ainda mais alarmante quando se constata que os gastos sigilosos cresceram 116% na comparação de janeiro com todo o primeiro trimestre do ano passado (R$ 971,5 mil)
Irregularidades no uso de cartões corporativos levaram a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, a pedir demissão em 2007. Além disso, o abuso nos gastos com cartões também provocou a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.
Em janeiro, no total, as despesas do governo com cartões corporativos, sigilosas ou não, somaram R$ 8 milhões. Esses gastos superam em cerca de R$ 2 milhões os de janeiro de 2008, quando foram registrados R$ 6,3 milhões. A Presidência liderou o ranking de desembolsos, com R$ 2,2 milhões - principalmente com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a CGU, o destino de 94% desses gastos é proibido de ser informado porque pode colocar em risco a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência, a maior parte dos gastos por meio dos cartões em 2009 faz parte de desembolsos realizados no fim de 2008, só contabilizados em janeiro, e diz respeito a despesas em segurança do presidente e de chefes de Estado em visita ao Brasil, como, por exemplo, na Cúpula da América Latina e do Caribe, que teve a participação de 30 delegações estrangeiras na Bahia. Já para a CGU, o aumento dos gastos ocorre por conta da migração de gastos da administração federal para o cartão corporativo, uma vez que, antes, parte dessas despesas era feita por cheque e dinheiro, por meio das chamadas contas de "tipo B".