postado em 16/03/2009 22:13
Morreu ao 71 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), o deputado Clodovil Hernandez (PR-SP). O parlamentar foi encontrado por um assessor na manhã desta segunda-feira (16/03) caído de bruços ao lado de sua cama, em sua residência em Brasília. Ele teria sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) durante a madrugada.
O deputado chegou às 8h17 ao hospital Santa Lúcia, em Brasília, com nível cinco de coma em uma escala que vai de três a quinze. Quanto mais baixo o nível, pior o estado do paciente. No hospital, o deputado foi submetido a um procedimento de drenagem, uma vez que uma cirurgia, devido à gravidade da lesão, não era recomendada.
Por volta das 14h de segunda-feira, Clodovil sofreu uma parada cardiorespiratória que durou cinco minutos e foi revertida pelos médicos. A partir de então, o deputado entrou em coma profundo e os seus sinais vitais foram mantidos por meio de aparelhos e medicamentos.
Histórico de doenças
Clodovil já havia sofrido um outro AVC de "leve intensidade" em junho de 2007. Na ocasião, ele passou sete dias internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Em maio do mesmo ano, Clodovil passou por um cateterismo na Clínica Santé, após ter ficado internado com suspeita de dengue.
Em setembro do ano passado, o parlamentar se internou no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, em decorrência de uma embolia pulmonar.
Carreira artística
Clodovil Hernandes nasceu no dia 17 de junho de 1937, na cidade de Elizário, interior de São Paulo. Formou-se professor, mas ainda jovem se tornou estilista e logo passou a trabalhar também na televisão. No começo dos anos 1980, apresentou na Rede Globo o programa feminino TV Mulher.
Em 1992, apresentou o programa Clodovil Abre o Jogo, na Rede Manchete. Em 2001, o estilista passou a apresentar o programa Mulheres, na TV Gazeta, e em 2003 mudou-se para a Rede TV para comandar o programa A Casa é Sua, e de onde foi demitido. Em 2007, Clodovil voltou à televisão com o programa "Por Excelência", na TV JB, mas foi demitido novamente, devido a alguns problemas de saúde.
A política
Clodovil entrou para a política em 2006, ao eleger-se deputado federal pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC). Foi eleito com o terceiro maior número de votos no estado de São Paulo.
Mas mudou-se para Partido da República (PR) depois de 27 de março de 2007, quando o TSE dicidiu que os mandatos referentes a cargos proporcionais pertencem aos partidos políticos. Na época, o deputado argumentou que mudou de partido por causa da perseguição da legenda pela qual foi eleito com 493.951 votos.
Com a mudança de partido, o deputado correu o risco de perder o mandato por infidelidade partidária. Mas no dia 12 de março deste ano, foi absolvido por unanimidade dos votos. O TSE decidiu que Clodovil não poderia perder o mandato por ter trocado de partido. Para os ministros, houve grande discriminação pessoal ao parlamentar, o que justificaria a mudança de partido.
Polêmico
Clodovil ficou conhecido em sua carreira política como uma pessoa extremamente polêmica e que gostava de levantar discussões. Em seu primeiro discurso no plenário da Câmara dos Deputados depois de tomar posse, o deputado calou os parlamentares presentes à sessão após ironizar o barulho provocado pelos colegas.
Na ocasião, Clodovil comparou a Câmara a um "mercado" popular. "Eu não sei o que é decoro com um barulho desses enquanto a gente fala. Parece um mercado e isso aqui é a Casa do povo. Não entendo tanto barulho. Nem na TV, que é popular, as pessoas fazem isso", criticou.
Em seu mandato, Clodovil pregava o amor e a bondade como ferramentas capazes de melhorar a atuação da Câmara. "Se eu amo a Deus, não tenho medo. O que quero é amar vocês. (...) Defendo a bondade em cada ato desta Casa, porque sei, por experiência própria, que a bondade cura mais do que qualquer remédio", afirmou em seu discurso de posse.
Clodovil admitia que "em nenhum momento" desejou se tornar deputado federal. Disse que o cargo veio como uma "guinada inesperada" após uma sólida e bem sucedida carreira como estilista e comunicador. Entre as marcas da carreira política do parlamentar ficou o bordão utilizado em sua campanha à Câmara Federal. "Tenho certeza de que ao praticarmos a política com bondade, Brasília nunca mais será a mesma, nem o Brasil", dizia.