postado em 19/03/2009 09:54
Humilde nas atitudes, arrependido pelos erros cometidos, contido nas palavras sobre os ex-desafetos, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) está de volta à política como quem refaz os próprios passos. Não admite uma futura candidatura à Presidência, mas é candidatíssimo ao governo de Alagoas, no qual se notabilizou como ;caçador de marajás;, a ponto de transformar o pequeno estado do Nordeste numa catapulta para o Palácio do Planalto. ;Do jeito que as coisas estão, vou acabar sendo candidato ao governo;, admite Collor, em razão do desentendimento entre o governador alagoano Teotônio Vilela Filho (PSDB) e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB), outro cacique da política local.
Collor explica que Renan apoiou a eleição de Vilela com o compromisso de ele não concorrer à reeleição, mas o atual governador de Alagoas gostou do cargo. Como Renan discorda da condução dada ao governo local pelo tucano, quer que o ex-presidente da República dispute o governo estadual. Collor gostou da ideia e está animado. Passou dois anos se fingindo de morto no Senado Federal: ;Eu tenho um perfil mais Executivo, precisava me ambientar mais, conhecer melhor a Casa;. Voltou ao primeiro plano da política nacional ao assumir a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado, uma posição estratégica em razão do poder de examinar as nomeações para as agências reguladoras e fiscalizar a execução das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principalmente nas áreas de energia, transporte e habitação.
Para ocupar o cargo, derrotou a ex-líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), com o apoio de Calheiros e do ex-presidente José Sarney. Até hoje não digeriu as declarações do líder do PT, senador Aloizio Mercadante, que classificou de ;espúria; a aliança entre Collor, Renan e Sarney. ;Ele não olha para o lado, precisa dobrar a língua quando vier falar sobre isso;, comenta, numa mal-disfarçada irritação com um velho desafeto. Mercadante se notabilizou como deputado durante a CPI que apurou o caso PC Farias e implodiu seu governo.
O cargo de presidente da Comissão de Infraestrutura faz parte da estratégia de reconstrução da carreira política interrompida pelo impeachment, no auge do poder, e de construção da sua candidatura ao governo de Alagoas. Durante seu mandato na comissão, serão apreciadas 22 novas indicações de diretores das agências reguladoras e o andamento das obras do PAC, sob comando da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata à sucessão de Lula, que conta com a simpatia de Collor.
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