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Agente da Abin confirma à CPI que encaminhou áudios da Satiagraha a Lacerda

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postado em 24/03/2009 16:58
O agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Márcio Seltz reiterou nesta terça-feira (24/03) em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara que entregou a Paulo Lacerda, ex-diretor geral da agência, os áudios de parte das interceptações telefônicas realizadas durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Seltz disse acreditar, porém, que Lacerda pode não ter percebido que tinha os áudios em suas mãos uma vez que eles foram encaminhados dentro de um pen-drive que também reunia o relatório elaborado pelo agente sobre a Satiagraha --documento solicitado pelo ex-diretor. "Partindo do pressuposto que o dr. Lacerda está falando a verdade quando diz que não recebeu [os áudios] e também do pressuposto que eu estou falando que encaminhei os áudios para ele, a única possibilidade é que ele tenha visto a pasta do Word (com o relatório) e não tenha visto a pasta ao lado de áudios. Não sei se foi isso que ocorreu. Mas eu colocaria isso como uma possibilidade", afirmou. No primeiro depoimento à CPI prestado no ano passado, Seltz revelou que havia entregado os áudios a Lacerda - que negou a informação. A revelação do agente se transformou em uma das principais contradições identificadas pela CPI no depoimento prestado por Lacerda à comissão. Seltz disse que as conversas captadas pelo áudio eram, em maioria, conversas entre jornalistas e investigados pela Satiagraha - como o megainvestidor Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. À pedido da CPI, Seltz revelou nomes de alguns jornalistas flagrados pelos grampos, mas disse acreditar que os investigados eram os verdadeiros grampeados pela PF. "Os diálogos não tinham nada de comprometedor. Às vezes eram diálogos em que os jornalistas apenas pediam para falar com as pessoas. Eu acredito, e tenho convicção, de que quem estava interceptado eram os investigados", afirmou Seltz. Pen-drive O agente disse que repassou o pen-drive a Lacerda a pedido do próprio ex-diretor da Abin. Lacerda, no entanto, teria solicitado para ter acesso somente ao relatório que estava sendo produzido por Seltz, a pedido do delegado Protógenes Queiroz, sobre reportagens publicadas pela imprensa a respeito dos investigados pela Satiagraha. Seltz, no entanto, disse que decidiu incluir no pen-drive os áudios que foram encaminhados por Protógenes a ele para que Lacerda tivesse conhecimento do seu teor. O agente da Abin, no entanto, afirmou que não avisou Lacerda de que havia incluído os áudios no pen-drive - por isso disse acreditar que o ex-diretor da Abin pode não ter tido conhecimento dos áudios, como declarou à comissão. O agente disse que trabalhava sozinho em uma sala da Abin e só entrou em contato com Lacerda quando o ex-diretor pediu para ter acesso ao seu relatório, por intermédio do diretor-adjunto afastado da Abin, José Milton Campana.

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