postado em 26/03/2009 09:57
A proposta de aumento nos salários dos servidores do Senado em troca do fim das gratificações por chefia foi mal recebida pelos senadores e também por um grupo de funcionários. A reação foi a pior possível. A avaliação interna é de que é um erro colocar o assunto em discussão neste momento. A ideia de reajuste salarial foi sugerida pelo presidente do Sindicato dos Servidores Legislativos (Sindilegis), Magno Mello, em entrevista ao Correio. O sindicalista argumenta que o aumento na remuneração faria parte de uma reformulação no plano de carreira para compensar o fim das centenas de diretorias e bônus por chefia criados nos últimos anos.
Pressionados, os senadores não querem abordar o tema em meio à crise administrativa vivida pelo Senado. ;O sindicato tem o direito de apresentar a proposta que quiser, mas o Senado precisa ter o pé no chão. Já temos gastos exagerados;, reagiu o senador Renato Casagrande (PSB-ES). ;Temos que esperar passar essa crise. Não é o momento. Pelo que conheço, o salário está de bom tamanho;, afirmou Serys Slhessarenko (PT-MT), segunda vice-presidente do Senado.
A movimentação do sindicato dos servidores irritou o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), responsável pela gestão administrativa do Senado. Assim como Serys, o senador também avalia que não há espaço para levar o reajuste adiante. O senador deve receber o presidente do Sindilegis ainda nesta semana para ouvir oficialmente a proposta da entidade, mas já mandou o recado de que não pretende encampar essa bandeira a curto prazo. Um grupo de servidores, irritado com mais um desgaste, ameaçou até mesmo a criação de um sindicato só para o Senado, sendo que o Sindilegis também representa a Câmara e os funcionários do Tribunal de Contas da União (TCU).
Paralisação
Ontem, Magno Mello afirmou que não há qualquer ameaça de greve por parte dos funcionários caso o Senado não compense o fim das gratificações. No dia anterior, em entrevista ao Correio, ele afirmou que ;se queremos um Senado produtivo, isso é necessário;. A sugestão dele é usar o mesmo orçamento das gratificações chefias e demais funções comissionadas para aumentar os salários dos servidores. Seria, o que ele classifica, uma ;acomodação da estrutura;. Para Renato Casagrande, a hora é cortar despesas, e não realocar. ;Isso tem que ser cortado, entrar na redução de gastos do Senado.;
Magno Mello alega que a enxurrada de diretorias, 181, criadas nos últimos anos serviu para aumentar os salários, em efeito cascata, da maioria dos servidores para compensar a falta de aumento salarial desde 2004. Na avaliação dele, a média salarial dos funcionários, R$ 12 mil, está defasada em relação a demais órgãos públicos. ;Teremos que trabalhar com o mínimo de aumento de despesa possível. Se redistribuirmos a atual despesa sem aumento, melhor ainda;, argumenta. ;Se a gente aderir ao discurso de que a crise econômica impede a solução, o sofrimento dos colegas perdurará.;