postado em 26/03/2009 12:30
O ministro Tarso Genro (Justiça) negou nesta quinta-feira que a Operação Castelo de Areia, realizada pela Polícia Federal, tenha sido motivada por denúncias de cunho político. Segundo ele, a ação policial foi marcada por um "novo procedimento" da PF, que é uma antítese do que foi realizado durante a Operação Satiagraha, protegendo os acusados e com neutralidade. Em resposta às críticas, Tarso disse que os políticos que reagem neste momento devem se dirigir à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público.
"Se há conotação política ou não quem vai dizer é a Justiça Eleitoral. Quando é feito o inquérito, não se faz vínculo com ideologia, programa de partido ou liderança de partido político", disse Tarso.
Criticado por representantes do DEM, PSDB e outros partidos políticos, Tarso disse que as reações às investigações são precipitadas. "A PF investiga fatos delituosos. Às vezes, fatos delituosos determinam outro inquérito e aí transcende a questão de lavagem de dinheiro ou mobilização ilegal de dinheiro para financiamento de campanha. Portanto, quem está respondendo a alguma coisa neste momento, está respondendo de maneira precipitada", disse.
Mudanças
Tarso admitiu que a Castelo de Areia foi realizada com base em um novo procedimento da Polícia Federal que é completamente diferente do que foi adotado na época das investigações da Satiagraha.
"Na forma como foi feita essa operação está rigorosamente dentro dos padrões que determinamos: sem humilhação e permitindo que as pessoas escondam seu rosto para que não haja um adiantamento de pena que é a exposição pública. É um inquérito rigoroso legal, profundo e tecnicamente perfeito que terá conseqüências", disse o ministro.
Tarso reiterou que as respostas às investigações devem ser encaminhadas a outros órgãos, não à Polícia Federal. "Quem está pretendendo responder à PF neste momento está equivocado, se quiser responder tem de responder para o MP [Ministério Público Eleitoral] e à Justiça Eleitoral", disse ele.
Ação
A Operação Castelo de Areia desarticulou uma quadrilha especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro. A ação levou à prisão dez pessoas, inclusive quatro diretores e duas secretárias da construtora Camargo Corrêa e três doleiros. Segundo a PF, um dos articuladores do esquema também foi preso.
Em outras operações, a PF foi criticada por expor suspeitos, usar algemas nos presos e promover excessos no cumprimento dos mandados de busca e apreensão. Na Operação Satiagraha, por exemplo, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, condenou a "espetacularização" das ações da PF.
Segundo a PF, a operação foi deflagrada para desarticular uma suposta quadrilha inserida na construtora. A investigação, que já dura um ano, envolveu dez investigadores, mas a operação de hoje contou com os trabalhos de aproximadamente cem pessoas.
De acordo com o Ministério Público Federal, um desses doleiros constituiu uma empresa de fachada em uma estrada de terra no Rio de Janeiro. Essa empresa emitia remessas para o exterior rotuladas como pagamento a fornecedores.
Por meio de nota, a construtora Camargo Corrêa se disse perplexa com a operação e que confia nos funcionários detidos, embora ainda não tenha acesso às informações da PF.