postado em 28/03/2009 20:29
Seja pela conjuntura econômica, seja por consequência natural da tradição de "estado politizado", Pernambuco vive um momento de protagonista na política brasileira. Fatos de repercussão nacional se sucedem desde janeiro. Declarações de pernambucanos têm fomentado o debate sobre corrupção e ética. Em Brasília, gente com base eleitoral fincada na terra de Joaquim Nabuco sobressai-se tanto na oposição quanto nas hostes governistas.
Não por acaso, o DEM inicia por Pernambuco, nesta segunda-feira (30/03), uma cruzada para tentar "alertar a população" de que muitas das obras prometidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão emperradas e só servem, de acordo com o partido, para endossar o discurso pré-eleitoral da presidenciável petista, ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
A idéia partiu do deputado federal André de Paula, líder da minoria na Câmara dos Deputados e vice-presidente nacional da legenda para assuntos institucionais. Segundo ele, Pernambuco foi escolhido por ser um dos principais receptores de projetos do PAC, visto pela oposição como "símbolo" do principal programa da gestão petista - tese reforçada pela presença quase mensal de Lula no estado em que nasceu. Nos últimos quatro meses, o presidente esteve quatro vezes em Pernambuco. Se não veio em função do PAC, não deixou de falar dele, preparando o terreno para a campanha de Dilma.
A ministra, aliás, também começou por Pernambuco a cumprir uma agenda independente, portando-se com a autonomia de quem quer chegar ao Planalto. Em 23 de janeiro, participou, em Ipojuca, na Região Metropolitana, da assinatura da ordem de serviço para a construção da casa de força da refinaria Abreu e Lima. No dia 5 de fevereiro, esteve em Salgueiro, no Sertão Central, vistoriando as obras de Transposição do Rio São Francisco. Dias depois, novamente só e sem agenda administrativa, prestigiou o carnaval do estado. Esteve no camarote do governo acompanhando o desfile do Galo da Madrugada e viu de perto as festivas ladeiras de Olinda.
A presença de Dilma em Pernambuco incomodou os adversários. E, mais uma vez, Pernambuco serviu de palco para outro fato político que terá reflexos na disputa pela presidência da República em 2010. Foi aqui, no último dia 16, que os governadores tucanos Aécio Neves, de Minas Gerais, e José Serra, de São Paulo, surgiram pela primeira vez em público para, juntos, demonstrar que o PSDB, a despeito de ter dois nomes fortes para a corrida presidencial, seguirá unido.
Ambos prestigiaram o lançamento do livro Daquilo que eu sei, do ex-ministro da Justiça Fernando Lyra. Posaram lado a lado para fotos e propagaram a tese de que, mesmo com as prováveis prévias, somarão esforços para concretizar o projeto de levar o PSDB à presidência da República mais uma vez. Até então nuvens de desconfiança pairavam sobre a relação entre Aécio e Serra, uma vez que ambos estão interessados em encabeçar a chapa tucana. A aparição dos dois trocando gentilezas justamente na terra que a ministra tem visitado com frequência demonstra que Pernambuco tornou-se um ambiente "necessário" a quem quer marcar terreno rumo a 2010.