Politica

PF diz em nota que investigação sobre Camargo Corrêa se resumiu a crimes financeiros

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postado em 01/04/2009 08:18
A Polícia Federal vai confrontar todas as doações de campanha feitas pela Camargo Corrêa com os registros no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para averiguar se havia pagamentos ilegais a partidos políticos. A partir do levantamento, se ficarem constatadas irregularidades, um novo inquérito será aberto. A Operação Castelo de Areia, desencadeada há uma semana, apurou, segundo a PF, apenas crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Ontem, o diretor da corporação, Luiz Fernando Corrêa, descartou que esteja investigando siglas partidárias e afirmou que cabe à Justiça Federal em São Paulo explicar os vazamentos de informações do caso. ;No dia da deflagração da operação, a Polícia Federal não fez qualquer referência a outros crimes que não financeiros ou lavagem de dinheiro em suas manifestações;, afirmou a direção da PF, por meio de nota, ressaltando que a corporação se ateve ao objeto da investigação. Nos relatórios preliminares da investigação, vários partidos políticos foram citados pelos delegados, com exceção do PT, PV e PTB. No comunicado, a instituição diz que trabalha pautada na técnica e que não investiga pessoas, mas fatos. Segundo a direção da Polícia Federal, o assunto financiamento de campanhas políticas surgiu nas escutas telefônicas feitas em 2008, durante o período eleitoral. A PF explicou que em sua representação à Justiça, o delegado responsável pelo inquérito, José Alberto Iegas, ressaltou que as conversas não falam de um ou outro partido, mas de vários deles, sem indícios de favorecimento dirigido. ;Além disso, devemos mencionar que em consulta à prestação de contas divulgada pelo TSE na internet pudemos notar que várias empresas do grupo CC (Camargo Corrêa) realizaram doações registradas;, afirmou o Iegas em seu relatório encaminhado ao juiz da 6ª Vara Federal de São Paulo, Fausto De Sanctis. ;Portanto, para podermos comprovar documentalmente eventual financiamento ilícito de campanhas políticas, faz mister oficiar o TSE a fim de confrontar as doações mencionadas nos áudios captados por aquelas efetivamente registradas;, acrescentou o delegado. Após os levantamentos, a PF deverá abrir um novo inquérito, caso sejam detectadas irregularidades nas contas. O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, também entrou na defesa da PF, de que a ação não foi eleitoreira. ;Em operação da polícia ninguém interfere. O fato de ser eleitoreira ou não depende das partes contrariadas;, disse o ministro. No final da tarde, Luiz Fernando disse que a PF não divulgou nenhuma informação sobre o caso e que cabe a De Sanctis explicar o vazamento. Para ele, atribuir atuação tendenciosa e com motivação partidária à PF é uma ;injustiça a tudo que ela tem feito ao Brasil;. ;A Polícia Federal não se moveu, não praticou nenhum ato motivado por questões partidárias ou políticas;, declarou, refutando acusações feitas por setores da oposição de que a PF teria omitido doações feitas ao PT, PTB e PV. Ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, voltou a defendeu a criação de um órgão de controle externo das atividades policiais. ;Já estamos cansados, temos um elenco, um dicionário de abusos, sabemos mais ou menos de cor e salteado, de A a Z, o que se pode fazer em série de abusos;, disparou. Mendes avaliou como insuficiente e ;algo lítero-poético-recreativo; o controle da PF, a cargo do Ministério Público atualmente. ;Eles mesmos reconhecem isso;, disse. Ele sugeriu a criação de um órgão independente, comandado por um juiz.

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