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Tasso nega irregularidades e diz que ser senador 'não dá lucro'

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O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) subiu à tribuna do Senado nesta quinta-feira (2/04) para se defender da denúncia de que teria utilizado parte de sua verba oficial de passagens aéreas para fretar jatinhos que são pagos com recursos da Casa. Tasso disse que a prática é legal, pois o Senado possui uma resolução que permite a utilização de recursos da verba para gastos com transportes, o que incluiria fretamentos. "Quando há necessidade de fazer fretamentos em função de eu não utilizar uma cota de passagens de viagens que todos nós, não somente senadores, mas da Câmara, nós temos direito a esse tipo de cota de viagem. As cotas são utilizadas por mim mesmo, para fretar aviões em caso de viagens mais difíceis de serem feitas. Uma média de quase uma por ano nesses seis anos de mandato", afirmou. Reportagem da *Folha* publicada nesta quinta-feira afirma que o ato da direção da Casa que regula o benefício não permite esse tipo de procedimento, mas o tucano diz ter obtido autorização especial para fazer as suas viagens. "Apenas utilizei a burocracia normal, pública, transparente, fazendo ofícios a diretor-geral, perguntando e colocando que a minha cota de viagem naquele mês fosse pago à empresa TAM para fretamento de viagens. Fiz com toda a clareza e toda a transparência, utilizando dentro da minha cota de viagens não utilizadas. Nunca usei um tostão sequer acima da minha cota de viagens, pelo contrário", afirmou. Tasso criticou ainda a onda de denúncias contra o Senado e disse que não dá lucro ser senador. "Eu, homem público, honesto, branco de olhos azuis, não sou responsável por essa crise causada no Senado. Vontade dá de ir para casa porque isso aqui está ficando insustentável. Isso aqui não dá lucro, não. Isso aqui dá prejuízo. Se faço é porque é um trabalho que me orgulho de fazer, e farei a vida inteira", disse. A declaração de Tasso ironiza declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que a crise financeira mundial tinha sido provocada por gente branca e de olho azul. Denúncias em série A disputa entre PT e PMDB no Senado trouxe à tona uma série de irregularidades na Casa. Os dois partidos entraram em disputa após a vitória de José Sarney (PMDB-AP) sobre Tião Viana (PT-AC) na eleição para a presidência do Senado. Dois diretores do Senado deixaram seus cargos após as denúncias. Agaciel Maia deixou a diretoria-geral do Senado vir à tona que ele não registrou em cartório uma casa avaliada em R$ 5 milhões. José Carlos Zoghbi deixou a Diretoria de Recursos Humanos do Senado depois de ser acusado de ceder um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso. Além disso, mais de 3 mil funcionários da Casa receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro. O Ministério Público Federal cobrou explicações da Casa sobre o pagamento das horas extras trabalhadas no recesso. A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, é acusada de usar em março parte da cota de passagens do Senado para custear a viagem de sete parentes, amigos e empresários do Maranhão para Brasília. Por meio de sua assessoria, a senadora disse que nenhum dos integrantes da lista de supostos beneficiados com as passagens viajou às custas do Senado. No lado oposto, veio à tona a informação que Viana cedeu o aparelho celular pago pelo Senado para sua filha usar em viagem de férias ao México.