postado em 07/04/2009 12:26
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) negou nesta terça-feira que tenha proposto a criação de plebiscito para questionar a população sobre o fechamento do Congresso Nacional. Cristovam disse que nunca pensou em elaborar tal proposta e que o episódio não passou de uma "grande confusão". O senador afirma que, durante uma entrevista a um programa de rádio no domingo, teria dito que diante dos últimos escândalos envolvendo o Senado, alguém poderia propor uma consulta popular para saber se os trabalhos do Congresso deveriam continuar.
"Nunca apresentei esta proposta. É tudo uma grande confusão. O que falei foi que se continuar com essa onda de denuncismo envolvendo importantes lideranças da Casa, qualquer dia alguém vai propor esse plebiscito para saber se o Congresso deve ser fechado ou não", afirma o pedetista.
Ditadura
Cristovam, que foi candidato à presidência da República na eleição de 2006, disse ainda que não acredita que a proposta do plebiscito surgiria das mãos de um parlamentar. O senador afirmou que ficou impressionado com a repercussão do caso. Cristovam recebeu inúmeros correios eletrônicos criticando a proposta. Alguns eleitores o acusaram de ser um senador a trabalho da ditadura e defenderam o papel do Congresso para a manutenção da democracia. "Fiquei impressionado com a boa avaliação que os brasileiros fazem do Senado. Fiquei feliz com as inúmeras críticas que recebi. Isso mostra que apesar de enfrentamos um período com grandes dificuldades, ainda temos credibilidade perante a sociedade. E isso é o que mais importa", disse.
A reportagem apurou que houve forte resistência entre os senadores à declaração de Cristovam. Os parlamentares reclamaram do tom do discurso que o pedetista usou na sessão de ontem no plenário da Casa. Cristovam falou que a "inoperância" dos congressistas justifica a necessidade de plebiscito. "Não vou retirar a ideia. Deixo o povo comentar: quem é a favor ou contra um plebiscito se deve ou não fechar o Congresso. Até porque as razões para fechar não são apenas as dos escândalos. São as razões da inoperância e são as razões do fato de que estamos hoje em uma situação de total disfunção, diante do poder, de um lado, das medidas provisórias do Executivo e, de outro, das medidas judiciais do Judiciário. Somos quase que irrelevantes", disse Cristovam no plenário do Senado.
Questionado se votaria a favor do fechamento do Congresso, o senador disse que seria um dos principais cabos eleitorais pela manutenção do parlamento aberto. "Um Congresso ruim aberto é melhor que um Congresso fechado", disse.