postado em 16/04/2009 15:36
O banqueiro Daniel Dantas, que depõe neste momento na Comissão Parlamentar de Inquérito das Escutas Telefônicas Clandestinas (CPI dos grampos), na Câmara dos Deputados, acusou a Operação Satiagraha de ter realizado escutas telefônicas ilegais a mando do delegado Protógenes Queiroz. O Dantas se disse vítima no processo originado pela Satiagraha, realizada pela Polícia Federal (PF).
Houve gravações ilegais na Satiagraha, coordenada pelo delegado Queiroz . Não se sei se da Polícia Federal ou da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. Para o banqueiro, a Satiagraha tinha objetivos políticos. A operação teve múltiplos objetivos. Foi uma operação de espionagem. Os dados colhidos por essa ampla estrutura eram para ser usados na briga societária da BrasilTelecom, afirmou Dantas.
O banqueiro negou que tenha formado uma equipe para investigar a vida do delegado Protógenes, contrariando o que este disse na CPI. O dono do banco Oportunity também acusou Protógenes de repassar informações sigilosas obtidas na Satiagraha a seus adversários. Tínhamos a nítida impressão de que as nossas estratégias eram repassadas aos nossos concorrentes.
Segundo Dantas, o delegado teria repassado ao Citibank, concorrente de seu grupo, estratégias de mercado apreendidas em sua residência. Nossos concorrentes com interesses empresariais estavam recebendo nossas informações.
Perguntado sobre um suposto volume de documentos oriundo de grampos ilegais realizados pela Kroll (empresa que teria sido contratada por Dantas para realizar escutas telefônicas clandestinas), que estariam na Justiça dos Estados Unidos, o banqueiro negou sua existência, apontada pelo delegado Protógenes.
Dantas propôs CPI a contratação de um perito para descriptografar os dados dos discos rígidos aprendidos por Protógenes. Vamos mostrar que o que ele [Protógenes] tem dito não corresponde verdade. Perguntado pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE) se compartilharia os resultados com a CPI, Dantas disse que não se sente seguro para fazê-lo.
O banqueiro tentou desqualificar a operação, comandada por Protógenes, em que Hugo Chicaroni tentou subornar um delegado da PF para que Dantas e seus parentes fossem excluídos das investigações da Satiagraha. Pela tentativa de suborno, o banqueiro foi condenado, em primeira instância, pela Justiça Federal em São Paulo. Isso é uma armação, e esse crime não houve defendeu-se Dantas. Ele apresentou CPI um laudo que comprovaria que o vídeo em que Chicaroni tenta pagar suborno foi fraudado pela PF.
O deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) criticou a postura de Dantas e ressaltou o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público. Não podemos concordar com a tentativa de desmoralização da Polícia Federal. Temos que reconhecer o poder do banqueiro Daniel Dantas, ironizou. Segundo Biscaia, Dantas estaria tentando passar de investigado a vítima. Estou estarrecido com a tentativa de inversão dos fatos, afirmou.
A deputada Luciana Genro (P-SOL-RS) qualificou Dantas como o "maior criminoso do colarinho branco em atividade no país".