Politica

Camata contesta com documentos acusações feitas em jornal

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postado em 20/04/2009 18:06
Em pronunciamento que teve uma hora e 40 minutos e dez apartes, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) contestou com documentos as acusações feitas contra ele por um ex-funcionário - cujo nome não pronunciou - em entrevista ao matutino carioca O Globo neste final de semana. Tratou-se, segundo ele, de uma "injustiça cruel". A deputada Rita Camata (PMDB-ES), sua esposa, assistiu do Plenário todo o discurso, durante o qual o parlamentar foi às lágrimas. O senador encaminhou ao Conselho de Ética e à Corregedoria do Senado todos os documentos que levou à tribuna. Também pediu ao conselho que abra investigações sobre as denúncias, tendo o cuidado de anunciar antes seu pedido de afastamento do colegiado. Também anunciou que não participará de nenhuma reunião da Mesa - Camata é um dos quatro suplentes - que deliberar sobre o assunto. Disse ainda seu advogado deverá interpelar judicialmente o acusador. "Quem abre a investigação, quem pede a investigação sou eu, que fui atingido na minha honra e que tenho certeza da minha inocência. E quero defender a minha honra em nome dos meus filhos, em nome da minha mulher, em nome dos meus eleitores, em nome dos meus amigos e em nome desta Casa da qual eu faço parte, com satisfação e orgulho, há vinte e dois anos", disse ao final de seu pronunciamento. Camata afirmou que o denunciante realmente trabalhou para ele e privou do seu convívio e do de sua esposa. Em 2003, convidado pelo governador Paulo Hartung, foi presidir a Seguradora do Estado do Espírito Santo, cargo do qual foi posteriormente demitido. Camata afirmou que seu acusador está em tratamento com dois psiquiatras e tem "problemas sérios". A primeira mentira, sustentou o senador, foi a de que ele teria uma grande empresa de vinhos e uma grande importadora de vinho. O senador acrescentou que, embora não tenha essas empresas, não cometeria nenhuma ilegalidade se as possuísse. Depois, na entrevista, foi acusado de alugar seu apartamento a uma embaixada, como se também isso crime fosse, embora se tratasse de outra mentira: o senador apresentou suas contas de gás e de condomínio para provar que reside no imóvel. Camata negou ter assinado qualquer contrato com a empreiteira Odebrecht, para construir uma ponte em Vitória. De acordo com o acusador, o senador teria recebido uma propina de US$ 5 mil em um envelope. O denunciante citou como testemunha o engenheiro Sílvio Peixoto, já falecido. "Eu não posso ter o testemunho dele de que isso é uma mentira porque ele está morto. Até essa crueldade se fez", afirmou o parlamentar, acrescentando que a acusação foi negada em nota pela construtora. O acusador, segundo Camata, teria afirmado que o senador retinha 30% do salário dele. Segundo Camada, "isso é uma injustiça que vai doer na consciência desse rapaz o resto da vida". O senador leu ainda várias anotações de sua secretária sobre recursos de sua conta pessoal que foram repassadas para a conta do denunciante. Sobre as acusações de desvio de verbas indenizatórias do Senado, o senador afirmou que o acusador não teria como denunciar isso, uma vez que, quando os senadores passaram a ter direito à verba indenizatória, o denunciante não era mais funcionário de seu gabinete. Camata negou também todas as acusações sobre malversações de recursos de campanhas políticas, apresentando as contas que prestou à Justiça Eleitoral. Também negou ter contraído empréstimo de US$ 200 mil com o deputado Paulo Maluf (PP-SP) para pagar dívida de R$ 30 mil com o empresário Nilo Martins, apresentando declarações assinadas de ambos contestando a história. "Era fácil o repórter ter verificado isso. Era só perguntar: senhor, algum dia o senador devolveu alguma coisa ao senhor? Ele ia dizer na hora que não" - indignou-se Camata, observando "como é fácil destruir 42 anos de vida pública, de trabalho, de dedicação, com seriedade, sem nenhuma comprovação". A matéria do jornal, diz Camata, traz o nome de um ex-deputado que ameaça processá-lo. Camata lembrou que esse ex-deputado "foi expulso da presidência regional do PMDB pelo Diretório Nacional do PMDB há uns anos", por ter vendido o horário do partido a terceiros, e Camata assumiu a intervenção no diretório capixaba. O mesmo deputado posteriormente renunciou ao mandato depois de se ver envolvido no escândalo dos "sanguessugas", como ficou conhecida a venda superfaturada de ambulâncias a prefeituras. "Tenho certeza que essas pessoas que se utilizaram desse rapaz, que está sob tratamento de dois psiquiatras com sérios problemas, não tiveram pena dele, não tiveram dó, porque o levaram até a se autoincriminar, dizendo que ele havia colocado documento falso dentro da minha prestação de contas, na qual ele se proclama o contador", afirmou o parlamentar. Camata revelou ser o único político brasileiro que processou um órgão de imprensa nacional por 18 anos, tendo afinal ganhado a ação e o referido veículo de comunicação foi condenado a pagar a ele R$ 74 mil por danos morais "Agora, pergunto: se eu tivesse morrido nesses dezoito anos, eu morreria desonesto? Crime contra a honra tem que ter tramitação diferente. Não pode ser desse jeito. Se eu tivesse morrido nesses dezoito anos, eu teria morrido como desonesto", raciocinou. O senador afirmou sentir-se confortado com os apartes que recebeu. Disse que não irá desanimar e que irá brigar por sua dignidade e honradez.

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