postado em 21/04/2009 16:14
Há 24 anos, em 21 de abril de 1985 morria Tancredo Neves, depois de ser eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985. A eleição de Tancredo marcou o rompimento de quase 21 anos de regime militar, que começou em 31 de março de 1964.
A chapa da Aliança Democrática, formada por Tancredo e José Sarney venceu a chapa do PDS, de Paulo Maluf e Flávio Marcílio, por 480 votos a 180. A vitória foi costurada pelo ex-governador mineiro durante meses, juntamente com o presidente do seu partido, o MDB, Ulysses Guimarães, lideranças da oposição ao governo militar e a então Frente Liberal uma dissidência do PDS partido de sustentação ao regime militar. Imaginava-se época que a chapa deveria ser formada por Tancredo e Ulysses, mas para a formação do maior leque de alianças, Ulysses abriu mão de sua candidatura.
Para vencer a disputa, Tancredo e Ulysses fizeram as mais variadas alianças e, por conseqüência, concessões a grupos radicais de esquerda até a dissidência do PDS. As últimas resistências sua candidatura, Tancredo venceu ao anunciar como seu vice o ex-presidente nacional do PDS José Sarney, que havia rompido com o regime militar para formar a Frente Liberal.
A formação da Aliança Democrática ocorreu após a derrota da Emenda Dante de Oliveira, em abril de 1984, que previa eleições diretas para presidente da República. Ela se deu por todos os partidos da oposição, excecão do PT. O PMDB e outros partidos da oposição tentaram ressuscitar a campanha Diretas Já nas ruas, mas simultaneamente surgiu o movimento Tancredo Já para a eleição do mineiro pelo Colégio Eleitoral.
Mesmo não participando da aliança formada para eleger Tancredo Neves e José Sarney, três deputados petistas compareceram ao Colégio Eleitoral e votaram em Tancredo Neves: Beth Mendes (SP), Airton Soares (SP) e José Eudes (MG). A consequência foi a expulsão deles dos quadros do partido.
Um dos carros-chefe da campanha foi Ulysses Guimarães, presidente nacional do PMDB e uma das maiores lideranças políticas, além de grande opositor ao regime militar. Ulysses já havia se lançado em 1974 como o anticandidato ao regime militar. Ao enfrentar o general Ernesto Geisel, no Colégio Eleitoral, Ulysses obteve 74 votos contra 400 dados a Geisel.
Tancredo Neves era um oposicionista ao regime autoritário, mas umconciliador de linha moderada e formação liberal, com vários mandatos parlamentares (vereador, deputado estadual, deputado federal e senador) e experiência no Executivo (ministro da Justiça, primeiro-ministro e governador de Minas Gerais). Pela sua história política e por ser um conciliador, Tancredo era aceito pelos militares e não haveria risco de retrocesso.
Muitas promessas foram feitas durante os mais de seis meses que antecederam a eleição no Colégio Eleitoral. Essas promessas encheram de esperança a grande maioria da população brasileira, que tinha ido s ruas e participado de diversos comícios pela aprovação da emenda Dante de Oliveira. Mesmo com a derrota da emenda Dante, a população não cruzou os braços e foi luta pela redemocratização do país.
Durante a campanha das Diretas Já, o então governador de Minas Gerais articulava, nos bastidores, uma eventual candidatura sua Presidência da República. Era evidente a dificuldade de aprovação na Câmara da Emenda Dante de Oliveira e era tida como quase impossível sua aprovação no Senado, onde o governo tinha a maioria de votos.
Para chegar ao poder, os tancredistas precisavam unir a oposição num bloco político sólido e provocar fissura na base do presidente João Figueiredo, último governo militar. Inúmeros acordos e promessas tiveram que ser feitos, entre elas a de que o governo Tancredo seria o início de uma Nova República.
Com promessas que o povo e os políticos queriam ouvir, a opinião pública ajudou os integrantes do Colégio Eleitoral a eleger a chapa Tancredo Neves e José Sarney. Uma das principais promessas de campanha, colocada em prática, foi a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte para elaborar uma nova Constituição para o país. A que vigorava era a da época dos militares no poder.
Eleito presidente da República, Tancredo Neves percorreu o Brasil e foi a vários países como novo chefe de Estado e de Governo. Acertou sua equipe ministerial e estava tudo pronto para assumir a Presidência da República no dia 15 de março de 1985. Mas o destino alterou a história e na véspera da posse, Tancredo passou mal durante uma missa e foi levado mais tarde ao hospital para ser submetido a uma cirurgia.
A noite de 14 para 15 de março de 1985 foi longa. A doença de Tancredo produziu temor de retrocesso político. Militares e políticos buscaram uma saída para o impasse. Alguns militares chegaram a pensar na prorrogação do mandato do presidente Figueiredo, hipótese totalmente descartada pelos civis e por outros militares.
Vencida essa proposta, surgiram dúvidas sobre quem deveria assumir a Presidência da República na ausência de Tancredo Neves: o deputado Ulysses Guimarães, presidente da Câmara, ou o vice-presidente eleito. Prevaleceu a última tese e na manhã do dia 15, Sarney assumiu a Presidência da República, no Congresso Nacional. Em 21 de abril, com a morte de Tancredo, José Sarney tornou-se o titular do cargo.
Mesmo como titular da Presidência da República, Sarney governou por longo tempo com a equipe escolhida por Tancredo e cumpriu muitas das promessas de campanha.