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Lula soube há uma semana. Dirigentes do PT foram pegos de surpresa

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São Paulo - A notícia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, se submeteu a tratamento de um linfoma pegou de surpresa os dirigentes do PT. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva custou a saber dos problemas de saúde de sua candidata para a corrida presidencial de 2010. O Estado apurou que Lula só foi informado do problema há cerca de uma semana. Na direção do PT, a lista de desavisados era bem mais extensa. Na manhã desta sexta-feira (24/04), nem o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), estavam por dentro do estado de saúde de Dilma. "Não tenho informações sobre essa questão", disse o deputado, em viagem a Cuiabá (MT). Apoiados na tese de que a aparência física da ministra contradizia qualquer alegação de que ela sofreria de problemas de saúde, petistas chegaram a investir, sexta-feira pela manhã, na tese de que a notícia não passava de um boato. Mais tarde, passou a predominar o clima de apreensão em relação à entrevista coletiva que seria concedida pela ministra. E, no início da tarde, dirigentes já não escondiam, em conversas reservadas, o forte incômodo com o fato de até petistas graúdos terem sido avisados pela imprensa. "Estou sabendo disso agora", afirmou o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), pela manhã, antes da confirmação. Dizendo não acreditar na notícia, ele observou que a ministra tem comandado uma agenda carregada, fato que simplesmente não condiz com o que se espera de alguém que se submete a uma quimioterapia. O secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, emendou: "A companheira Dilma tem participado de inúmeros eventos partidários nas últimas semanas. É uma notícia estranha." O secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, também disse não ter sido informado. "Acho que a aparência dela indica exatamente o contrário", reagiu Pomar. "Não fui informado disso", emendou o presidente municipal do PT, vereador José Américo Dias. Membros da direção petista passaram a manhã trocando telefonemas em busca de informações sobre a saúde de Dilma. Vários deles só tiveram a confirmação no início da tarde. Reservadamente, alguns deles não disfarçavam a preocupação com o impacto que a notícia pode ter na candidatura de Dilma. Ainda assim, investiam na tese de que é cedo para falar em buscar um nome alternativo para a vaga. Eles reconheceram que, no momento, o PT não possui um plano B para o Planalto. Ainda assim, as mensagens foram de apoio à ministra. Já ciente da notícia, o presidente do PT paulista, Edinho Silva, saiu em defesa da candidatura em 2010. "Se a versão dos médicos é esta e, se ela quiser, insisto em que ela seja a nossa candidata à Presidência", afirmou. "Estamos falando de uma doença clinicamente tratável", emendou o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP).