Jornal Correio Braziliense

Politica

PF indicia ex-vice do Opportunity e consultor de Dantas por crimes financeiros

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A Polícia Federal indiciou nesta terça-feira (28/04) o ex-vice-presidente do Opportunity Carlos Rodenburg e o ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz por crimes financeiros. Eles foram indiciados pelos crimes de gestão fraudulenta, evasão de divisas, empréstimo vedado, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Os dois são investigados na Operação Satiagraha, que apura supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. De acordo com o advogado Renato de Moraes, que defende Braz, os dois ficaram calados no depoimento prestado ao delegado Ricardo Saadi. Braz já foi condenado pela Justiça Federal por tentativa de suborno a um delegado da Polícia Federal com o objetivo de excluir Dantas das investigações da Satiagraha. Pelo mesmo motivo também foram condenados Dantas e o empresário Hugo Chicaroni. Dantas foi condenado a dez anos de prisão e a pagar R$ 13,4 milhões a título de multa e reparação pela tentativa de suborno. Braz e Chicaroni foram sentenciados a sete anos de prisão e a pagar, respectivamente, R$ 2,37 milhões e R$ 886,5 mil. Rodenburg, ex-cunhado de Dantas, preside atualmente a Agropecuária Santa Barbara Xingu, pertencente ao grupo de Dantas. Indiciamentos A PF indiciou ontem Dantas, sua irmã Verônica Dantas e mais quatro diretores do Opportunity por crimes financeiros. O advogado Andrei Schmid criticou os indiciamentos. "É mais uma arbitrariedade. Mais um desdobramento dessa operação polêmica que revela arbítrios nesse país", disse ele se referindo à Operação Satiagraha, deflagrada em julho de 2008 pelo delegado Protógenes Queiroz. Denúncia O procurador da República Rodrigo de Grandis afirma que a apresentação da denúncia será questão de tempo. Segundo ele, a investigação da Operação Satiagraha já reuniu elementos suficientes que comprovam os crimes financeiros atribuídos aos indiciados. O prazo legal para a manifestação da Procuradoria é de 15 dias a partir do indiciamento, mas Grandis afirma que ainda vai aguardar o relatório final do delegado Ricardo Saadi - responsável pelas investigações - antes de apresentar a denúncia. "Eu tenho conhecimento sobre as provas levantadas, mas não posso adiantar que a minha opinião será a mesma do delegado Saadi. O Ministério Público, em geral, tem liberdade para se manifestar independentemente do que foi colocado no ato do indiciamento, mas é um norte da investigação", afirma o procurador, que descarta qualquer hipótese de não apresentar a denúncia.