postado em 28/04/2009 18:01
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu continuidade hoje às sucessivas manifestações de apoio à ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, que confirmou no último final de semana que trata de um câncer no sistema linfático. Pouco antes de embarcar pela manhã de Manaus (AM) para Rio Branco (AC), Lula procurou deixar claro que não tem pressa em buscar um vice para a ministra, em função da doença. Ainda assim, ele afirmou que o número dois numa eventual chapa encabeçada por ela será certamente alguém capaz de "agregar". "É cedo para escolher. Nós não vamos especular sobre isso", afirmou o presidente, alegando que, a exemplo do que ocorreu com a gripe suína, uma notícia precipitada sobre este assunto poderia até impactar no desempenho da bolsa de valores.
"Primeiro temos que acertar com os partidos. Depois que acertarmos com os partidos é que vamos decidir quem é o vice, em função daquilo que ele pode agregar", completou.
Lula citou como exemplo seu vice José Alencar, empresário do setor têxtil escolhido, em parte, para ajudar a vencer a resistência do empresariado à sua candidatura na eleição presidencial de 2002. Alencar luta desde o final dos anos 90 contra o câncer. Durante toda a administração de Lula, iniciada em 2003, o vice passou por diversas cirurgias. Ele chegou, por exemplo, a exercer a Presidência de um quarto no Hospital Sírio-Libanês. "Eu não tenho nenhuma dúvida de que o José Alencar agregou muito na minha campanha, porque ele ajudou a quebrar o preconceito junto a um segmento social muito importante, que são os empresários", argumentou Lula. "Acho que é assim que se compõe uma chapa", completou.
Lula aproveitou a ocasião para dizer que não acredita na possibilidade de a oposição explorar a doença da ministra em seu favor, de olho na disputa eleitoral do ano que vem. "Não sei como alguém poderia explorar um problema de saúde, sobretudo no caso de uma pessoa jovem como a Dilma, disposta como a Dilma", afirmou o presidente. Lula voltou a dizer que o tumor encontrado na axila esquerda da ministra foi totalmente removido e que o tratamento de quimioterapia a que ela será submetida nos próximos meses tem caráter preventivo. E acrescentou que, se o estado de saúde da ministra fosse de fato grave, ela própria deixaria isso claro. "Se a Dilma tivesse um problema grave, que ela entendesse que não fosse capaz de superar, ela própria tomaria essa medida", continuou.
Em mais um afago à ministra, o presidente disse admirar a "coragem" demonstrada por ela, tanto na luta contra o câncer como na transparência adotada em relação ao assunto. "Acho admirável a coragem de ela própria comunicar à imprensa e não ficar escondendo", disse o presidente, negando que o assunto tenha sido tornado público somente após o noticiário sobre o tratamento médico a que a ministra se submete. "Ela só podia falar depois que o médico lhe desse o diagnóstico. Ninguém vai ficar vendendo uma doença que não sabe se tem", completou. "Mas acho que ela está bem, está tranquila e sabe os efeitos que a quimioterapia tem. Mas é assim mesmo", concluiu.