postado em 30/04/2009 08:55
O servidor do Senado José Augusto Santana, assessor da CPI da Pedofilia, gastou R$ 4 mil em ligações com telefone celular corporativo na viagem oficial à Índia entre 1° e 6 de dezembro do ano passado e nos quatro dias seguintes de folga em Dubai, nos Emirados Árabes. Ele acompanhou, nos dois países, o presidente da comissão, senador Magno Malta (PR-ES). O funcionário terá que devolver R$ 3,6 mil, segundo determinação do diretor-geral, José Alexandre Gazineo. ;Houve extrapolação da cota mensal;, explicou o diretor.
A determinação irritou o servidor, que havia solicitado, com antecedência, autorização para usar o celular em Dubai, informando que seria uma viagem a serviço da CPI. Um detalhe: não havia agenda oficial naquela cidade. Augusto poderá ser obrigado ainda a ressarcir duas diárias, de R$ 1 mil cada, recebidas entre 6 e 8 de dezembro, quando esteve nos Emirados. Oficialmente, nesses dias, deveria estar ainda na Índia. Ao chegar ao Brasil em dezembro, ele solicitou o pagamento dos valores correspondentes ao período de 8 a 10 em Dubai. Mas teve o pedido negado, assim como o senador Magno Malta, que não obteve da Mesa Diretora autorização para receber o dinheiro.
Ontem, o Correio revelou que o presidente da CPI e o assessor aproveitaram a viagem à Índia, onde participaram de um evento sobre combate à pornografia infantil, para passar pelos Emirados. Cada um recebeu R$ 7,2 mil em diárias para ficar apenas na Índia, mas passaram quatro dias em Dubai, considerado hoje o principal ponto turístico do Oriente Médio. ;Eu fiquei no hotel, dei uma volta, não sei falar inglês. Peguei um táxi para ver a cidade;, disse o senador. ;Não cometi indignidade nem usei dinheiro para passear;, afirmou.
Malta alega que só soube em cima da hora por seu assessor que não teria vaga num voo de Dubai para o Brasil no dia 6 por causa do atentado na Índia ocorrido 10 dias antes. Só que um documento revela que o servidor teria programado a esticada em Dubai . Augusto Santana protocolou um ofício em 25 de novembro pedindo autorização para usar o telefone celular no fórum indiano e de ;7 a 10 em Dubai/Emirados Árabes;.
Investigação
Gazineo mandou fazer um pente-fino nas despesas de Augusto Santana e de outro assessor, Gláucio Pinho, em viagens pela CPI. ;Queremos ver se não receberam além do deslocamento;, diz o diretor-geral. Juntos, os servidores e o senador gastaram R$ 200 mil em diárias e passagens em um ano de investigação. Em conversas reservadas, os parlamentares reclamam da falta de relatórios sobre as viagens e da presença de assessores nelas, contrariando uma praxe na Casa de não levá-los ao exterior. Incomodado com o cenário, o relator da CPI, Demostenes Torres (DEM-GO), já admitiu a colegas o desejo de abandonar os trabalhos. O senador gastou R$ 2,9 mil com passagens pela CPI, 11 vezes menos do que Malta, que já consumiu R$ 34 mil, além de R$ 33 mil em diárias para visitar Argentina, Suíça, Índia, EUA e capitais brasileiras.
Os assessores tiveram despesas semelhantes às do parlamentar. Augusto recebeu R$ 37 mil em diárias, enquanto seu colega, Gláucio, R$ 31 mil. A última viagem deles em nome da CPI foi de 16 dias para os EUA entre março e o começo de abril deste ano. Cada um, inclusive o senador, recebeu R$ 15 mil para as diárias, fora passagem aérea.