Politica

Lula corteja Sarney e Temer

Em jantar no Palácio da Alvorada, presidente diz a peemedebistas que câncer de Dilma não será obstáculo à candidatura da ministra. E deixa claro que o partido continua sendo o aliado preferencial para 2010

postado em 01/05/2009 09:20
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva moveu uma peça importante para impedir que o PMDB se afaste da pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, devido ao tratamento de câncer a que ela se submeterá nos próximos meses. Foi na quarta-feira à noite, durante um jantar no Palácio da Alvorada. À mesa, além do anfitrião, estavam os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), líderes das duas principais alas do partido. Lula repetiu aos convidados o que dissera no início da semana em público: o problema de saúde de Dilma não muda os planos de lançá-la no páreo da sucessão. O presidente também reafirmou que aposta no PMDB como aliado preferencial da ;mãe do PAC; em 2010. Deixou claro, inclusive, que quer trocar alianças o mais rapidamente possível. As declarações de Lula foram entremeadas por referências elogiosas e otimistas sobre Dilma. Ele disse que a ministra está ótima e mantém a mesma disposição que lhe rendeu a fama de ;gerente da máquina;. Além disso, lembrou do relato apresentado no sábado passado pelos médicos, segundo os quais são maiores de 90% as chances de sucesso do tratamento. Escalados para o encontro pelo ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que não participou do jantar, Sarney e Temer mantiveram o discurso entoado desde o fim do ano passado. Ambos afirmaram que há disposição por parte de senadores e deputados peemedebistas de embarcar numa chapa encabeçada por Dilma. Ressaltaram, no entanto, que o acordo só será selado se cumprida uma série de requisitos. Entre eles, acertos regionais entre petistas e peemedebistas. Sarney e Temer pediram a Lula que se empenhe para convencer o PT a abrir espaços nas disputas estaduais. Concessões Por determinação de Lula, o PT já negocia a fim de atrair outras siglas para a chapa de Dilma. Ao PSB, por exemplo, avisou que não concorrerá em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte se os socialistas não lançarem o deputado federal Ciro Gomes (CE) ao Palácio do Planalto. No caso do PMDB, entretanto, a negociação é mais complicada. Hoje, são pequenas as chances de composição no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Minas Gerais. Ciente da situação, Lula pressiona a direção petista a dissuadir o prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias, da ideia de enfrentar o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), no próximo ano. Acha que o arquivamento dos planos de Farias ajudarão, por exemplo, a convencer o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), a não rivalizar com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), em 2010. O presidente quer ainda que o PT debata a possibilidade de apoiar peemedebistas em Minas (o ministro das Comunicações, Hélio Costa) e no DF (o ex-governador Joaquim Roriz). No mesmo dia em que parlamentares peemedebistas mandaram recados nada amistosos ao governo (leia mais na página 4), o presidente falou para Sarney e Temer que está disposto a sair a campo para defender o Congresso. Disse que é hora de virar a página dos escândalos e da crise administrativa e mostrar a importância de um Legislativo forte. Com o recado, tentou aplacar, por meio de terceiros, o ânimo de um grupo de congressistas para quem a enxurrada de denúncias tem a digital do Planalto. Cada vez mais afagado por Lula, o PMDB não pensa em fechar questão sobre a eleição presidencial tão cedo. Habituado a embarcar na chapa com mais chances de vitória, o partido joga com o tempo a fim de saber como a crise econômica afetará a avaliação positiva do governo. Enquanto isso, os peemedebistas mantêm aberto um canal de diálogo com o PSDB. Os grupos de Sarney e Temer têm ótima relação com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Tendem a apoiá-lo caso vença a prévia interna tucana e dispute a Presidência. Se o governador de São Paulo, José Serra, for o escolhido do PSDB, dificilmente terá a ajuda de Sarney, já que o presidente do Senado responsabiliza Serra pela operação policial que abateu a pré-candidatura de Roseana Sarney (PMDB-MA) à Presidência em 2002. Essa é uma das razões pelas quais Lula considera o governador paulista o adversário ideal para Dilma.

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