postado em 08/05/2009 08:31
Desde o início da semana, o vice-governador Paulo Octávio (DEM) assumiu o comando de parte da máquina administrativa, enquanto o governador José Roberto Arruda (DEM) está liberado para se dedicar à política.
A mudança sinaliza uma nova fase da atual gestão. O chefe do Executivo local quer andar pelas ruas, conhecer melhor os problemas de cada cidade, conversar com gestores públicos e moradores, para sentir o pulso da população. Pretende fazer o que o levou à vitória eleitoral na campanha de 2006: uma peregrinação por todos os cantos do Distrito Federal.
Para se dedicar mais aos despachos e reuniões de trabalho, Paulo Octávio deixa na próxima semana a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, conforme o Correio revelou na edição de ontem. A transferência de cargo para o sucessor ocorrerá na próxima terça-feira. O vice-governador deixará em seu lugar o braço direito na pasta, Adriano Amaral. No mesmo dia, ele anunciará o novo presidente da Empresa Brasiliense de Turismo (Brasiliatur). O cargo está vago desde que o deputado distrital Rôney Nemer (PMDB) se afastou, sob a justificativa de que faria um tratamento de saúde.
Arruda passou o dia ontem em andanças pelo Riacho Fundo II e Recanto das Emas. De calça jeans e camisa de manga curta, ele vai às ruas sem estrutura de governador, acompanhado apenas do motorista e do principal assessor, Rodrigo Diniz Arantes. Muitas vezes, chega dirigindo o próprio carro. O condutor que o acompanha estaciona o veículo, enquanto ele já começa a conversar com as pessoas. ;Estou adotando o estilo do Aécio (Neves), que delega muitas funções para seu vice, o Antonio Anastasia. O (José) Serra também faz muito isso. Deixa muitas questões administrativas para o (secretário da Casa Civil) Aloysio Nunes e para o (vice-governador) Alberto Goldman ;, explicou Arruda.
Arruda explica que está tranquilo para andar mais pelas ruas porque muitas tarefas administrativas já estão a cargo do secretário de Governo, José Humberto Pires. A articulação política com a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal está sob a responsabilidade do chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel. Arruda, no entanto, participa de todas as decisões importantes. Fala pelo menos cinco vezes por telefone com cada um deles e com o vice-governador mantém ligação direta. ;Meus adversários dizem que sou centralizador. Os amigos afirmam que sou participativo;, brinca o governador, deixando claro que se afastou da rotina, mas faz questão de manter o controle sobre as principais deliberações.
Visitas
Ele dedica as manhãs para audiências e reuniões importantes, com representantes de entidades e partidos políticos. Também participa de solenidades. A tarde é toda dedicada a visitas a centros de saúde, escolas e administrações regionais. O governador ouve reclamações, com a falta de transporte no Riacho Fundo II, como ocorreu ontem, e na sequência cobra providências de seu secretariado. Além de se aproximar da população, a mudança atende a um acordo com a direção nacional do DEM, de fazer com Paulo Octávio um governo compartilhado.
O vice-governador também mudou a rotina. Passou a almoçar todos os dias no Centro Administrativo de Taguatinga, o Buritinga, com secretários, faz reuniões com equipes de governo e coordena as tarefas de todas as áreas, além de integrar as ações das secretarias. Uma das principais missões do vice-governador foi ajudar a definir as 50 obras que serão inauguradas em abril, no aniversário de 50 anos de Brasília. ;Temos conseguido fazer uma boa parceria nesses dois anos de governo. Estamos bastante afinados;, garante Paulo Octávio.
O entrosamento mostra que não existe atrito entre Arruda e o vice-governador com relação ao futuro. Ao sair às ruas, o governador mostra que está em campanha à reeleição. Paulo Octávio, por sua vez, demonstra que vê esse cenário sem reservas. Os dois querem disputar as eleições com o mesmo projeto vitorioso em 2006. Em conversas com pessoas próximas, o vice demonstra que o rompimento do acordo que garantiria a sua candidatura ao GDF já não é um tabu.