postado em 08/05/2009 12:44
Após receber críticas de senadores pela condução do inquérito que investiga denúncias contra João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos do Senado, a Polícia Legislativa resolveu acionar o Ministério Público. O procurador da República do Distrito Federal, Gustavo Velloso, vai acompanhar nesta sexta-feira (8/05) o depoimento de Maria Izabel Gomes, ex-babá de Zoghbi.
Maria Izabel é apontada como "laranja" do ex-diretor de Recursos Humanos do Senado em um esquema de desvio de recursos públicos. A ex-babá que mora na residência de Zoghbi aparece como dona de três empresas --DMZ Consultoria Empresarial, DMZ Corretora de Seguros e Contact Assessoria de Crédito-- que mantinham contratos com o Senado para intermediar operações de empréstimo consignado.
A suspeita é que parte do faturamento dos últimos anos dessas empresas, cerca de R$ 3 milhões, teria como origem contratos assinados pelo Senado. Uma das possíveis fontes de desvio seria um contrato com o Banco Cruzeiro do Sul, no qual a instituição oferecia crédito consignado aos servidores da Casa. O banco nega as irregularidades Zoghbi admitiu em reportagem da revista "Época" que as empresas pertencem à sua família e afirmou que colocou os filhos como sócios porque "é proibido a servidores públicos ser donos de empresas que negociam com órgãos públicos".
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu na quarta-feira à Procuradoria-Geral da República que designasse um procurador para acompanhar as investigações. O representante do Ministério Público, no entanto, ainda não tinha entrado no caso. O que surpreendeu senadores da oposição.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), classificou de "farsa" o depoimento prestado pelo ex-diretor. Virgílio afirmou que pode pedir a instalação de CPI para investigar o suposto esquema de corrupção revelado pelo ex-diretor caso as investigações no âmbito policial não tenham avanços. "Se eu e outro sentirmos que está havendo simulacro nas investigações, a gente pode chegar a esse último passo da CPI que eu não gostaria de chegar", afirmou.
Virgílio disse que os policiais do Senado não têm autonomia para colher o depoimento de um investigado a quem, no passado recente, estiveram subordinados. O senador teme que o advogado de Zoghbi e de sua mulher, Denise, tente anular o depoimento com o argumento de que nenhum representante do Ministério Público acompanhou o interrogatório.
Recuo
No depoimento prestado à Polícia Legislativa do Senado, o casal voltou atrás nas acusações contra o ex-diretor do Senado Agaciel Maia --que supostamente comandaria um esquema de corrupção com desvios de verbas da instituição.
Apesar de terem afirmado à revista "Época" que Agaciel comandou o esquema de corrupção no Senado, os ex-diretores da Casa negaram aos policiais ter revelado o esquema de corrupção que seria comandado por Agaciel. Por esse motivo, os policiais descartam agora colher o depoimento de Agaciel.
Inquérito
Zoghbi foi exonerado da Diretoria de Recursos Humanos após a denúncia de que cedeu um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso. Apadrinhado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB), ele se tornou alvo da crise administrativa que atinge a Casa.
Além do processo por suspeita de receber propina para beneficiar instituições bancárias em operações de empréstimos consignado para servidores, Zoghbi pode ser tornar alvo de mais um processo administrativo.
A Polícia do Senado determinou nesta segunda-feira abertura de ocorrência para apurar suas denúncias contra o ex-diretor geral do Senado Agaciel Maia. Segundo Zoghbi, Maia montou um esquema de desvio de recursos em órgãos do Senado.