Jornal Correio Braziliense

Politica

Ex-diretor-geral do Senado diz que motivo de sua queda foi a briga entre grupos de senadores adversários

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Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado, se diz vítima da disputa interna entre senadores. De acordo com ele, o estresse no Senado é resultado de ;uma crise política; iniciada no escândalo que envolveu o então presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de receber dinheiro de uma empreiteira para pagar pensão de uma filha fora do casamento, e culminada na vitória de José Sarney (PMDB-AP) contra Tião Viana (PT-AC), em fevereiro passado. Nas entrelinhas, ele deixa claro que todos os contratos acima de R$ 80 mil são de responsabilidade do primeiro-secretário e não do diretor-geral. Leia abaixo, os principais trechos da entrevista concedida ao Correio: Depois que o ex-diretor João Carlos Zoghbi disse que não tinha nada contra o senhor, que ele teria se equivocado, o senhor acha que acabou a crise? A crise do Senado é política. Nunca entendi esse aspecto administrativo, a não ser por uma falha de conduta pessoal, que é o caso do João Zoghbi e o fato de ele querer se desvencilhar de uma acusação atribuindo a outras pessoas, mas voltando atrás. Eu sempre estive tranquilo quanto a esse aspecto, porque eu tenho a convicção e a certeza de que eu nunca fiz nada errado. Eu não tenho medo de ser julgado por nenhum ato administrativo que tenha praticado no Senado durante esses 32 anos que eu fiquei aqui. Como assim, uma crise política? Na realidade, o Senado sempre teve uma harmonia no que diz respeito aos relacionamentos pessoais dos parlamentares e, por consequência, dos servidores. Havia discordância do ponto de vista de ideias e partidário, mas o Senado sempre manteve um clima de amizade entre os parlamentares. Depois houve aquele problema com o senador Renan Calheiros (acusado de receber dinheiro de empreiteira). Um grupo de parlamentares ficou favorável, outro ficou contra. Daí, se abriu uma ferida no Senado. Essa ferida vem criando uma série de problemas no que diz respeito à instituição. E ela se agravou com essa última eleição para presidente do Senado. Essa em que Tião Viana foi candidato contra o presidente Sarney; É, e eu paguei um preço por isso; Como assim, ;um preço;? Eu vim para ser diretor em 1995 pelas mãos do presidente Sarney. E eu não tinha como ficar do outro lado. E me atribuíam uma importância que eu nunca tive na Casa. Minha importância sempre foi ser um funcionário dedicado. E achavam (o lado de Viana) que eu estava influenciando alguma coisa nessa disputa para presidente, o que não era verdade. Em relação aos contratos terceirizados. Há uma nuvem de suspeita sobre esses contratos; Há muita desinformação e oportunismo em tudo isso. Primeiro, que as pessoas precisam entender como é que funciona o Senado. Sempre que há uma demanda de outras áreas. O diretor-geral nunca demanda nada. As áreas é que demandam. Ou seja, se alguma área do Senado demanda uma solicitação, se for até R$ 80 mil, cabe ao diretor fazer. Se for acima disso, vai ao primeiro-secretário. Se a decisão de fazer for tomada pelo primeiro-secretário ou pelo diretor-geral, vai a uma comissão de licitação. A comissão de licitação do Senado é formada por 13 pessoas, com mandato de um ano, nomeada pelo presidente do Senado, e tem que ser servidor de carreira no mínimo há 5 anos e ter nível superior.