Politica

Moraes recebe doações da indústria de tabaco e apresenta projetos em defesa do fumo

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postado em 12/05/2009 08:00
O cruzamento entre a prestação de contas do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), aquele que se lixa para a opinião pública, e o histórico de sua atividade parlamentar na Câmara aponta: ele beneficia quem mais o ajudou na corrida eleitoral. Dos quatro projetos de lei apresentados, três tratam sobre o setor de tabacos. Coincidência ou não, empresas do ramo foram as que mais financiaram a campanha eleitoral. A CTA Continental Tabaco Alliance e a Alliance One Brasil Exportadora de Tabaco doaram juntas R$ 72,5 mil, mais da metade dos R$ 121,1 mil que ele recebeu na corrida eleitoral de 2006. As duas empresas bancaram campanhas de políticos em Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ambas, inclusive, são citadas em denúncias de caixa 2 na arrecadação financeira da governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB), em 2006. Elas teriam doado ilegalmente, segundo reportagem da revista Veja, R$ 200 mil para a tucana. Sérgio Moraes: O dinheiro recebido por Sérgio Moraes é legal e está declarado na prestação de contas apresentada à Justiça Federal. Fato é que o deputado ficou tão grato por ter conseguido 60% de toda arrecadação às duas empresas que ele quis retribuir. Um dos projetos cria o Fundo Nacional da Fumicultura (FNF) para estimular a diversificação de atividades econômicas nas áreas cultivadas com tabaco e institui uma tributação em cima de produtos importados derivados do fumo. O projeto nasceu da ideia de ajudar agricultores e empresas de tabaco com queda de receita por conta de campanhas de redução do consumo de cigarros. ;De um lado, a saúde pública e a população como um todo é a beneficiária maior da redução do consumo do tabaco, por outro, os agricultores que sobrevivem dessa cultura e os trabalhadores das indústrias fumageiras serão diretamente atingidos, cabendo-nos adotar providências capazes de minimizar esse impacto e garantir a sobrevivência econômica desses indivíduos;, escreve o deputado na justificativa do projeto. Um dos outros dois projetos obriga as fabricantes de cigarros a imprimirem numeração sequencial nos maços sob argumento de coibir roubo e contrabando. O último propõe a veiculação de fotos de pessoas desaparecidas e foragidas da Justiça nos maços de cigarro. O deputado tem ainda um projeto sobre bloqueio de telefones celulares roubados. Base política Sérgio Moraes tem sua base eleitoral em Santa Cruz do Sul (RS), cidade da qual já foi duas vezes prefeito, cuja economia é dependente da produção de tabaco. Um dos escritórios da Alliance One fica no município do petebista. E não só em projetos ele beneficiou seus aliados. Levantamento do Correio já mostrou que ele destinou R$ 2.500 da verba indenizatória de abril sob a rubrica de aluguel de imóveis ao advogado Guilherme Valentini, que o defende de processos no Supremo Tribunal Federal. O deputado argumenta que aluga um espaço no escritório de advocacia que tem Valentini com um dos sócios. Um outro sócio é Marco Borba, procurador jurídico de Santa Cruz, hoje administrada por Kelly Moraes, mulher do deputado Sérgio Moraes. Na prestação de contas, Marco Antonio Barbo aparece como tendo dado R$ 2 mil à campanha do deputado. A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado, mas ele não retornou. Moraes atendeu a reportagem antes do cruzamento do TSE e dos projetos ficar pronto e se limitou a falar sobre a polêmica que ele se envolveu no Conselho de Ética, onde até agora é o relator do caso Edmar Moreira (sem partido-MG). DESTITUIÇÃO DO CONSELHO A deputada Solange Amaral (DEM-RJ) formalizou ao Conselho de Ética pedido para a destituição do colega Sérgio Moraes (PTB-RS) da relatoria do caso Edmar Moreira (sem partido-MG). A solicitação será analisada hoje em reunião do colegiado. Ela argumentou que tomou a iniciativa por entender que Moraes antecipou intenção de arquivar processo contra o parlamentar.
Busca por relator Está difícil encontrar um relator para analisar o caso do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), o dono do castelo milionário no interior de Minas Gerais. Depois de ouvir três nãos, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), saiu em busca de alguém que aceitasse substituir o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que deve ser destituído do posto hoje por ter antecipado o desejo de arquivar as denúncias contra o colega. Os deputados Hugo Leal (PSC-RJ), Ruy Pauletti (PSDB-RS) e Moreira Mendes (PPS-RO) recusaram o posto usando sempre o mesmo argumento: estão muito atarefados com as outras comissões da Câmara. Na falta de um relator, Araújo até já cogitou se autoindicar, mesmo sem querer assumir a função. Mas a verdade é que a maioria está reticente em pegar um caso de ;holofote;, com a cara nas câmeras, num momento em que a Casa sofre com notícias diárias de mau uso do dinheiro público. Gravações Enquanto Araújo está preso nessa polêmica do novo relator que está se tornando uma verdadeira cruzada, Sérgio Moraes está paranoico em relação à imprensa. Como está às turras com o noticiário, o deputado do PTB gaúcho, antes das entrevistas, avisa ao jornalista que está gravando a conversa para não ser prejudicado. Disse que estão distorcendo suas palavras. Ontem, voltou a dizer que não vai na contramão do que acredita. ;A opinião pública é menos importante que a minha consciência;, disse, sublinhando que até agora não antecipou voto pró-Edmar Moreira. (TP) » Ouça áudio com a deputada Solange Amaral

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