postado em 12/05/2009 18:40
O Ministério Público Federal solicitou nesta terça-feira ao Banco Central, à Receita Federal e ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) informações sobre o patrimônio do ex-diretor de Recursos do Senado João Carlos Zoghbi. Como parte dos dados são sigilosos, na prática a Procuradoria Geral da República no Distrito Federal solicitou a quebra de sigilo dos dados do ex-diretor --acusado de participar de um esquema de desvio de verbas na Casa Legislativa.
A procuradoria solicitou oficialmente, nesta terça-feira, a abertura de inquérito para investigar o esquema de corrupção no Senado. O procurador Gustavo Pessanha Velloso, que acompanha as investigações sobre o casso, encaminhou à PF requerimento com o pedido de abertura de inquérito.
Velloso pediu que a Polícia Federal colha depoimentos dos envolvidos no caso em datas que serão marcadas pelos policiais federais.
Paralelamente às investigações da Polícia Federal, a Polícia Legislativa do Senado também apura o suposto desvio de verbas na Casa. A diferença até o momento entre a investigação da Polícia Legislativa e a do Ministério Público, que deu origem a apuração da Polícia Federal, é que os policiais do Senado investigam oficialmente apenas a denúncia de que Zoghbi montou um suposto esquema de empresas de fachada para receber recursos desviados de contratos do Senado com instituições financeiras que operavam empréstimo consignado para servidores. Além do esquema dos empréstimos, a PF deve analisar a denúncia de Zoghbi contra o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Zoghbi acusa Maia e dois senadores de participação de um esquema de corrupção nos contratos terceirizados da Casa, entre eles do Prodasen (Sistema de Processamento de Dados), da comunicação social, do transporte, da vigilância e do serviço de taquigrafia. A Polícia Legislativa abriu uma ocorrência para apurar as acusações de Zoghbi contra Agaciel.
O ex-diretor e sua mulher, Denise, prestaram depoimento sobre as denúncias, mas recuaram e negaram tudo. O diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Carvalho, disse que só pode investigar este caso se houver materialização da denúncia, ou com provas ou com testemunhas.
Depoimentos
A Polícia do Senado marcou para amanhã a tomada de depoimento de mais um servidor da empresa Contact Assessoria de Crédito, que participava de operações de créditos consignados para o Senado. Na semana passada, funcionários da empresa afirmaram à Polícia Legislativa que os serviços de intermediação entre instituições financeiras e servidores da Casa eram legítimos. Eles negaram qualquer relação com o ex-diretor de Recursos Humanos do Senado. Os funcionários foram convocados para falar no inquérito aberto pela Polícia do Senado para investigar suposto esquema montado pelo ex-diretor que teria criado empresas de fachada no nome de sua ex-babá, Maria Izabel, para desviar recursos do Senado com bancos que ofereciam crédito consignado aos servidores do Senado.