Politica

Servidores do GDF: atendimento difícil até para quem trabalha na Saúde

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postado em 15/05/2009 07:55
Aos 52 anos de idade, sendo 28 deles dedicados ao trabalho na saúde pública do Distrito Federal, Raquel Vinholas tem tempo suficiente de casa para fazer um diagnóstico sobre a área onde atua: ;Infelizmente, não funciona como deveria. O acesso não é universal, faltam medicamentos e equipamentos;. Dentista do posto de saúde do Cruzeiro, a servidora faz parte do conjunto de 130 mil funcionários que terão acesso em breve a plano de saúde subsidiado pelo governo. Ao mesmo tempo em que expõe fragilidades no setor, a expectativa de servidores do GDF de ter acesso a planos privados promete desafogar a rede pública. Depois da aprovação em primeiro e segundo turnos do projeto que cria o plano de saúde do servidor na Câmara Legislativa (ocorrida na sessão da última terça-feira), a previsão do governo é de que em três meses 130 mil funcionários do GDF tenham acesso aos serviços médico-hospitalares custeados em parte pelo Tesouro local. A fatura para incluir milhares de servidores na rede particular será de R$ 190 milhões ao ano. O valor, apesar de alto, é menos de 1% do orçamento da saúde destinado só para pagamento de pessoal (R$ 2,5 bilhões). Apesar de o impacto financeiro não ser devastador sobre as contas do Executivo, a decisão política de bancar o plano de saúde para os servidores levou anos para ser tomada. A principal dificuldade para o governo era justamente a de admitir as deficiências do sistema público ao incentivar os servidores a buscarem a rede privada. Esse foi por um bom tempo o raciocínio do governador José Roberto Arruda (DEM). Mas, há alguns meses, Arruda tem dito que foi convencido por assessores sobre a eficiência da medida para desafogar o sistema hospitalar administrado pelo Executivo. ;Sempre tive dificuldades em criar o plano de saúde para os servidores, porque seria como dizer que a saúde oferecida pelo Executivo não é boa. Mas hoje estou certo de que a transferência desse público para a rede privada vai aliviar a demanda nos hospitais públicos, o que acaba por favorecer os mais pobres;, considera o governador. Plano privado As dificuldades de acesso à rede fizeram Elizeth Cardoso, 39 anos, se antecipar. Enfermeira, ela trabalha como agente de saúde do GDF. Mas há alguns anos reserva uma parte do salário para pagar um plano de saúde privado. ;Mesmo a gente que está dentro do hospital muitas vezes não consegue atendimento ou tem que esperar tempo demais;, conta a servidora, que cita como exemplo de dificuldade fazer exames de mamografia, recomendados periodicamente para as mulheres na faixa dos 40 anos. Tanto Elizeth quanto a dentista Raquel, que também contratou plano de saúde privado, estão na expectativa de conhecer os detalhes do projeto do governo que vai subsidiar o atendimento nos hospitais privados. Por enquanto, o certo é que o governo vai aplicar R$ 62 por mês para os funcionários com menos de 58 anos e R$ 162 para quem estiver acima dessa faixa. Uma complementação desses valores sairá do bolso dos trabalhadores. Mas ainda não se sabe o valor que será definido a partir da regulamentação do projeto com prazo de 60 dias para ficar pronta. As operadoras dos serviços de saúde também dependem da licitação pública, que será aberta nas próximas duas semanas. A estimativa da Secretaria de Planejamento do GDF é de que em 90 dias todo processo esteja concluído. Outra previsão, pelo menos por enquanto, é de que um conjunto estimado de 210 mil dependentes de servidores só poderá ser incluído no benefício caso o funcionário do governo esteja disposto a pagar pela extensão do mesmo. (LT)
Conheça a íntegra do projeto que cria o plano de saúde dos servidores
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