Politica

Ex-chefe de segurança do Senado: falta preparo à Polícia Legislativa

;

postado em 17/05/2009 10:24
Mesmo não sendo político, durante muitos anos, Francisco Pereira da Silva foi considerado um dos homens mais poderosos do Senado. Poucas pessoas o conheciam pelo nome, apenas pelo apelido: Índio, o ex-chefe de segurança da Casa, onde ficou por quase 50 anos. Guarda-costas do ex-presidente João Baptista Figueiredo, Índio ganhou fama pelo modo duro com que conduzia seu trabalho, por ter peitado o então presidente do Congresso, Antônio Carlos Magalhães, morto há quase dois anos, e por ter presenciado fatos históricos do país, como a briga de Figueiredo com o general Hugo de Abreu dentro do Palácio do Planalto. Figueiredo também foi o político preferido de Índio. ;Ele chorou em meus ombros no episódio do Riocentro;, contou o ex-chefe de segurança do Senado, referindo-se ao atentado ocorrido em um evento de 1º de maio, no centro de convenções do Rio de Janeiro. Índio também teve outras funções em sua vida pública. Uma delas era ser fonte de informações do colunista político Carlos Castelo Branco, o Castelinho. Índio não gosta de falar do momento atual do Congresso, principalmente do Senado, mas censura a postura dos parlamentares. Ele também faz críticas em torno do trabalho da atual Polícia Legislativa da Casa. ;Só tem sofisticação;, assegurou. Eis os principais pontos da entrevista de Índio, que também atuou no Ministério das Minas e Energia, e com outros ministros. Ponto a ponto // Francisco Pereira da silva CRISE Não conheço outro período (de maior crise no Senado). Você tinha gosto de falar que trabalhava com um senador. Tinha gosto. Mas a crise é pública, só que é a primeira vez que vejo na história um senador chamar o outro de safado. Antigamente, se chamasse um senador de safado, morria. Mesmo se chamasse de mentiroso. SEGURANÇA A segurança do Senado tem muita sofisticação, mas eficiência, nada. Você pode entrar, pode sair, fazer o que quer. Não tem nada. Na nossa época era muito difícil acontecer isso. Os 20 furtos que aconteceram no Senado, pegamos todos, inclusive contra a ordem de senadores. Primeiro pegávamos o bandido, dávamos o flagrante, dava para o diretor-geral, que levava à Corregedoria e depois à Presidência da Casa. Nós tínhamos muita ligação com a Polícia Federal, tanto que existia canal de voz direto com a PF em todos os estados, com as polícias militares e as secretarias de segurança. EQUIPE Tínhamos uma equipe muito forte. Hoje, vejo que as pessoas que realmente têm preparo estão deslocadas, porque eram da minha equipe. Tem gente altamente competente, mas infelizmente as pessoas que estão nos pontos chaves nunca fizeram segurança, nunca foram da área. Mas isso é problema político com que não quero me envolver, a direção da Casa é quem manda. FIGUEIREDO Para mim era um pai, não tenho uma outra coisa a dizer. Era um pai bom, meu padrinho, como eu dizia. Seu João, como a gente também chamava, não tinha nada disso que falavam dele. Ele chorou neste ombro no caso Riocentro, quando soube do atentado. Ele achou que foi uma traição, não aceitava que aquilo acontecesse no fim do governo. Não sabia a quem interessava, quem mandou. Fui o último a pegar na alça do caixão.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação