postado em 17/05/2009 10:26
A partir de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende reduzir o ritmo de viagens internacionais e se dedicar a percorrer o país para divulgar o Programa de Aceleração do Crescimento. Lula quer reforçar a imagem do PAC. Mostrar que, ao contrário do que diz a oposição, o ;filho administrativo; da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, avança em velocidade crescente. Com a iniciativa, o presidente espera dar fôlego à pré-campanha presidencial de Dilma no segundo semestre deste ano, quando a ;gerente da máquina; reduzirá a quantidade de aparições em público devido ao tratamento de câncer a que se submete.
O giro pelo país também é uma oportunidade para Lula conquistar ainda mais espaço na mídia regional, o que pode contribuir para manter o alto nível de avaliação popular do governo e do próprio presidente. A promessa de rodar os estados foi feita na quarta-feira passada, no Centro Cultural Banco do Brasil, durante reunião com o chamado conselho político, grupo formado por líderes dos partidos governistas. Na ocasião, Lula pediu aos parlamentares empenho no esforço de divulgação do PAC. Para estimulá-los, apresentou uma mapa feito pela Embrapa, com imagens captadas por satélite, apinhado de obras do programa. Lula avisou que a viagem internacional de nove dias que começou ontem pela Arábia Saudita será uma das poucas este ano.
A ideia do Planalto é produzir mapas parecidos sobre cada unidade da Federação, os quais serão usados por deputados e senadores aliados no embate com a oposição. ;Não sei se sou otimista, mas estou achando o andamento do PAC muito bom;, afirmou o presidente, conforme relato de um dos participantes da reunião. De janeiro a abril deste ano, o programa pagou R$ 2,58 bilhões, dos quais R$ 2,2 bilhões sob a rubrica ;restos a pagar; e R$ 322 milhões em recursos constantes do Orçamento da União de 2009. O valor é 17% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Além disso, supera 2,5 vezes a quantia desembolsada no primeiro quadrimestre de 2007, quando o PAC foi lançado (leia quadro). Os dados foram colhidos pela Associação Contas Abertas no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi).
Marcha lenta
Pelo menos no discurso, a oposição não tem dúvida: Lula é um otimista, e o PAC não saiu do papel. Para justificar tal análise, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), usa um levantamento realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU), um dos 37 ministérios do governo. Divulgado na última quinta-feira, o documento revela que, de 123 obras fiscalizadas pela CGU, 84 sequer começaram. ;O PAC é considerado o carro-chefe dos investimentos da União em infraestrutura. Como explicar que o programa não tenha decolado senão pelo péssimo gerenciamento?;, criticou Guerra.
Líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP) reforça o coro destinado a minar a suposta capacidade gerencial de Dilma, qualidade usada por Lula para credenciá-la à Presidência da República. ;O governo da gastança está perdendo o rumo. Segundo a Bíblia, Deus descansou no sétimo dia. O presidente Lula, no sétimo ano de seu governo, parece seguir o mesmo caminho;, ironizou Aníbal. Os tucanos também lançam mão de números do Siafi. Destacam, por exemplo, que só 12,18% do orçamento do PAC previsto para este ano, de R$ 20,6 bilhões, foram pagos de janeiro a abril. ;O presidente viaja, faz discurso e inaugura obra que não está feita;, reforçou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para Dilma, a oposição acusa o golpe ao se mostrar incomodada com o PAC, que envolve quase 2,4 mil ações. As críticas, alega a ministra, revelariam o sucesso do programa. ;Eles diziam que a gente não ia fazer a Ferrovia Norte-Sul nem que a vaca tussa. Estamos fazendo a Norte-Sul. Tem obras que às vezes ficam paralisadas porque não saiu uma licença ambiental? Tem;, disse a ;mãe do PAC; ao Correio. ;Mas temos tido um grau muito grande de sucesso. A grande maioria sai e prossegue;, acrescentou. De acordo com o balanço oficial de dois anos de PAC, 270 ações já foram concluídas. Juntas, representam um investimento de R$ 48,3 bilhões.