postado em 18/05/2009 14:20
A base aliada do governo no Senado vai ficar com a maioria dos cargos na CPI da Petrobras, criada na sexta-feira a pedido da oposição. Das 11 vagas de senadores titulares da comissão, oito serão preenchidas por parlamentares aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O DEM e o PSDB vão ficar com as três vagas restantes de titulares.
O desequilíbrio de forças se repete também nas vagas de suplentes. Dos sete senadores que vão ocupar a suplência da CPI, cinco vão ser de partidos governistas, enquanto dois da oposição. A divisão das vagas na comissão é proporcional ao tamanho das bancadas dos partidos na Casa, por isso os governistas têm o domínio das cadeiras na CPI.
O PMDB e o PT vão ficar com três vagas de titulares, enquanto o PTB e o PDT com uma cadeira de titular cada um. O DEM e o PSDB (minoria) vão dividir as três vagas da oposição. As três vagas restantes são destinadas ao bloco de apoio ao governo federal no Senado, que podem ser repartidas pelos próprios partidos governistas.
Briga pela relatoria
Apesar do pequeno número de integrantes, a oposição está disposta a brigar pela relatoria da CPI da Petrobras para evitar que a base aliada governista promova o esvaziamento das investigações. Como o requerimento de criação da CPI é de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), os tucanos reivindicam o comando das investigações.
Tradicionalmente, o Senado divide os cargos de comando das CPIs entre o governo e a oposição. A última CPI instalada na Casa, que investiga crimes de pedofilia, tem em sua relatoria um senador da oposição, Demóstenes Torres (DEM-GO). Por esse motivo, os governistas sustentam que agora a relatoria cabe à base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Presidência
Caso o PSDB não consiga ficar com a relatoria da CPI, o partido está disposto a brigar pela presidência da comissão. Os tucanos vão usar como argumento o fato de terem solicitado, oficialmente, as investigações. Os governistas, por sua vez, vão disputar a relatoria para evitar que a oposição aprofunde as apurações sobre suspeitas de irregularidades na Petrobras.
Os líderes partidários têm o costume de definir o prazo para a indicação dos membros da CPI. Nos bastidores, os governistas se articulam para atrasar a indicação dos senadores titulares e suplentes --o que poderia atrasar a efetiva instalação da CPI. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tem a prerrogativa de indicar os membros caso os partidos políticos retardem a escolha dos integrantes da comissão.
Negociação
Reportagem da afirma que o governo ainda tentará uma última negociação com tucanos e democratas para evitar a instalação. Caso, novamente, não tenha sucesso, a ordem é isolar os tucanos na CPI e tentar controlar todos os trabalhos. A intenção é ressuscitar a proposta de um depoimento do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, no plenário do Senado, para esclarecer todas as dúvidas dos senadores sobre a estatal. Entre os democratas, a ideia tem receptividade. O partido, inclusive, havia aceitado o acordo com o governo de esperar um depoimento de Gabrielli para decidir se haveria ou não CPI. Nos bastidores, eles continuam sinalizando que podem topar essa solução.