postado em 18/05/2009 18:14
A oposição minimizou nesta segunda-feira as articulações da base aliada governista para criar uma segunda CPI no Congresso para investigar a Petrobras. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento que criou a CPI da Petrobras no Senado, disse que a instalação de uma segunda comissão não vai inviabilizar as investigações na primeira.
"Essa mesma estratégia foi adotada na CPI do Futebol aqui no Congresso. Mas a CPI do Futebol caminhou bem no Senado e concluiu bem os seus trabalhos. Se a Câmara quiser fazer uma CPI por lá, esta do Senado é um fato consumado. Não vejo como neutralizar a CPI do Senado", afirmou o tucano.
Deputados governistas articulam a criação de uma CPI Mista (com deputados e senadores) da Petrobras para enfraquecer as investigações da CPI do Senado, proposta pela oposição. O deputado André Vargas (PT-PR) deu início às conversas para a criação de uma CPI mista, mas encontra resistências inclusive dentro da base aliada governista.
O líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), criticou a ação de Vargas para instalar uma nova CPI da Petrobras no Congresso. "Não é porque o PSDB do Senado foi irresponsável, inconsequente, que vamos responder com irresponsabilidade. Essa CPI do Senado e qualquer outra CPI para investigar a Petrobras não são boas para o país. Essa é uma investigação que não faz o menor sentido", afirmou.
Vargas, que se diz contrário à investigação da Petrobras no Senado, disse que a ideia da CPI Mista surgiu para dar equilíbrio à investigação e diminuir o "tom eleitoral dos debates", tirando o Senado do foco. A avaliação de outros integrantes do PT, no entanto, é que uma nova CPI não ameniza a situação, tendo em vista que a base aliada vai ficar com a maioria das vagas na CPI do Senado. Dias prometeu investigar todas as supostas irregularidades na Petrobras apresentadas pela oposição no requerimento de criação da CPI no Senado --o que inclui contratos de publicidade firmados pela estatal. "Constam recursos de patrocínio da Petrobras que serão investigados. Nós não devemos ir além do que está no regimento. Não é atirar para todos os lados, mas investigar o que foi denunciado", afirmou.
Cargos
Dias disse que a oposição está disposta a lutar pela relatoria da CPI da Petrobras no Senado, mas reconhece que os governistas não vão entregar o cargo para o PSDB. Por esse motivo, o tucano disse que a oposição aceita ficar com a presidência dos trabalhos da comissão caso os governistas não abram mão da relatoria da CPI.
"O correto seria a gente ficar com a relatoria, mas o governo não vai abrir mão. Ficando com a presidência está bom. Mas não queira o governo ficar com os dois caros porque isso ia quebrar uma tradição do Senado", afirmou o tucano.
Tradicionalmente, o Senado divide os cargos de comando das CPIs entre o governo e a oposição. A última CPI instalada na Casa, que investiga crimes de pedofilia, tem em sua relatoria um senador da oposição, Demóstenes Torres (DEM-GO). Por esse motivo, os governistas sustentam que agora a relatoria cabe à base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.